MST investe na produção agroecológica de Norte a Sul da Bahia

Com a realização da 4º Feira Estadual da Reforma Agrária o debate agroecológico toma novas proporções
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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST 
Fotos: Jonas Santos
 
 
A agroecologia se faz com gente organizada. Essa afirmação foi reproduzida diversas vezes nos últimos anos, após o MST tomar a decisão de avançar no debate da agroecologia nos assentamentos e acampamentos do MST em dez regiões da Bahia.

Desde então, experiências de transição agroecológica têm nascido nas comunidades, principalmente, no que diz respeito a construção de escolas e reorganização de centros de formação. Nesse sentido, a agroecologia tornou-se um debate transversal e ocupa espaços importantes na vida das famílias Sem Terra.

Com a realização da 4º Feira Estadual da Reforma Agrária, que aconteceu na última quinta-feira, na Praça da Piedade, no Centro de Salvador, esse debate toma novas proporções.

De acordo com Felipe Campelo, a Feira é mais um espaço de diálogo com a população da capital baiana sobre a luta pela terra, pela Reforma Agrária Popular e, nesse mesmo contexto, de socialização das experiências agroecológicas.

“A produção de alimentos saudáveis é consequência de uma luta histórica, que na Bahia já ultrapassa os 30 anos. O desafio da produção agroecológica entra como um instrumento que tem garantido um avanço significativo na produção das famílias Sem Terra”, explica Campelo.

 

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Escola Egídio Brunetto

No Extremo Sul do estado, o MST consolidou a Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, no Assentamento Jaci Rocha, em Prado. A Escola tem desenvolvido diversas atividades de formação e construído experiências agrícolas com foco no processo de transição agroecológica.

A partir do Projeto “Novos Assentamentos Agroecológicos” sete áreas do MST se consolidaram no último ano enquanto assentamentos agroecológicos e 11 já iniciaram o processo de transição.

Paralelo a isso, a Escola tem construído experiências de formação e práticas com a juventude e as mulheres, através de compostagem, hortas, plantio de culturas perenes, reprodução de mudas e outros, com o objetivo de apontar novos desafios.

Escola Luana Carvalho

Fruto de uma marcha realizada em 2009 de Feira de Santana à Salvador, a Escola Técnica em Agroecologia Luana Carvalho, localizada no Assentamento Josinei Hipólito, em Ituberá, no Baixo Sul da Bahia, tem se destacado no envolvimento das famílias assentadas no planejamento escolar e na estruturação do espaço.

A Escola tem construído atividades com adolescentes e jovens que estão cursando o fundamental 2 e o curso médio e técnico em agroecologia. Se destacam nesse processo de formação a construção de tecnologias sociais, como o sistema de capitação d’água da chuva, hortas medicinais e a produção de fertilizantes naturais.

Transição

No norte da Bahia, a luta pela terra é marcada pelo enfrentamento direto ao monopólio dos recursos hídricos, que tem se ampliado com a construção dos perímetros irrigados. Nesse contexto, a produção às margens desses perímetros tem ganhado o caráter da resistência em meio ao processo de implementação da agroecologia.

Adailton Santos, do Acampamento Abril Vermelho, em Juazeiro, conta que o processo de transição agroecológica é lento, mas tem avançado significativamente na região. “A gente precisa se conscientizar e conscientizar a companheirada e com esse processo, algumas pessoas estão se adaptando e mudando a forma de produzir”.

Ele afirma que existe iniciativas agroecológicas na produção de mudas, hortaliças, verduras e frutas. “Acredito que para o início está de bom grado”, enfatiza.

Feira Estadual

A 4º Feira Estadual da Reforma Agrária reúniu essas experiências e aborda o tema da agroecologia vinculado a luta dos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra, a partir da organização social; da formação política; e da aplicação de conhecimentos populares.