Em filme, assentada destaca legado de Olívio Dutra para a Reforma Agrária

Por Catiana de Medeiros*
Da Página do MST

Os feitos de Olívio Dutra para efetivar a Reforma Agrária no Rio Grande do Sul fazem parte do filme “O Galo Missioneiro – a trajetória de um militante”, dirigido pelo cineasta gaúcho Thiago Köche e produzido pelo gabinete do deputado estadual Edegar Pretto, em homenagem ao ex-governador.

O longa-metragem será lançado nesta terça-feira (26), às 19 horas, no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa, no Centro Histórico de Porto Alegre. A entrada é gratuita e a distribuição de senhas para a sessão começa às 18 horas no local.

No filme, a camponesa Roberta Coimbra, que mora no Assentamento Rubira I — Conquista da Luta, localizado em Piratini, na região Sul, destaca o trabalho feito pelo petista para que as famílias acampadas tivessem acesso à terra e condições de viver com dignidade no campo. “O Olívio, desde que era prefeito de Porto Alegre, sempre esteve comprometido com a luta da Reforma Agrária. Quando se elegeu governador, nós tínhamos uma pauta junto a ele que era assentar quem estava acampado naquele momento. Também que construísse políticas públicas que melhorassem de fato o dia a dia dos assentamentos e a vida das pessoas”, recorda Coimbra.

Enquanto governador, de 1999 a 2002, Olívio assentou cerca de 5 mil famílias do MST. Inclusive, o assentamento de Roberta somente foi criado, em 2000, devido a uma contrapartida do seu governo ao federal. Até o momento, sua gestão foi a que mais assentou trabalhadores Sem Terra — todos são chamados “Filhos de Olívio”, uma forma carinhosa de reconhecer o trabalho do sindicalista em prol da Reforma Agrária-.

Na área das políticas públicas, Olívio criou programas que deram grandes resultados e que depois se expandiram a nível nacional, especialmente na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Os novos assentados receberam sementes, ferramentas, mudas de árvores frutíferas, uma novilha de leite e telas para fechar galinheiro e horta. Nós tínhamos um recurso para investir nisso. A iniciativa de fazer chegar os alimentos da agricultura familiar às escolas iniciou na época do Olívio. Aliás, foi um dos primeiros momentos em que os nossos acampados consumiram produtos da Reforma Agrária através de cestas básicas. Ele fazia questão de fazer essa ligação entre quem produzia e quem ainda estava na luta pela terra. Aí depois, no governo federal, é que se criou os programas de aquisição de alimentos e merenda escolar”, acrescenta.

Outra iniciativa do ex-governador, que teve influência de Adão Pretto, deputado falecido em 2009, foi melhorar as condições das moradias das famílias assentadas, o que possibilitou a elas mais qualidade de vida e firmou a sua permanência no campo.

Segundo Roberta, o comprometimento de Olívio com a Reforma Agrária também se deu por meio da instalação de energia elétrica nos assentamentos e do fortalecimento da educação, com a criação de escolas itinerantes. “Ele conseguiu olhar para questões estruturantes e fundamentais de quem mora no campo, de quem é agricultor, de quem está iniciando um assentamento. Criou programas para manter as famílias na terra, com condições boas de viver e de produzir, considerando essa perspectiva da agroecologia, do consumo local, de conseguir estruturar a produção e abastecer a população aqui no estado”, argumenta.

De acordo com Roberta, o depoimento que deu ao cineasta Köche sobre Olívio mostra exatamente o que ela e outras famílias acampadas e assentadas viveram durante o seu governo. “Não são discursos criados e sim relatos de fatos que aconteceram e foram fundamentais para a qualidade de vida minha, dos meus filhos e dos meus companheiros de luta. São vivências que trazem esse valor de uma política construída de forma popular e com experiências que deram muito certo”, completa.

O filme

O filme “O Galo Missioneiro – a trajetória de um militante” conta a história de vida, a trajetória política e a caminhada militante do sindicalista e ex-governador. O documentário resgata a vida de Olívio, desde a convivência com a família na cidade natal, São Luiz Gonzaga, passando pela vinda do missioneiro para a capital gaúcha e sua luta sindical e política, que o levou a prefeito de Porto Alegre e a governador do estado.

Conforme Köche, a ideia é lembrar dos bons exemplos da política num mundo tomado pelo ódio e intolerância. “É essencial resgatarmos os bons exemplos de políticos e gestões que priorizam o papel do povo como sujeito, e não objeto da política”, conta o diretor.

O documentário, que foi gravado sem orçamento e sem captação de recursos públicos por meio de leis de incentivo à cultura, também resgata imagens históricas do PT em Porto Alegre e no RS. O longa-metragem olha para o passado e para o presente, com uma narrativa que passa pelo dia a dia de Olívio Dutra como militante das causas do povo trabalhador.

Thiago Köche acompanhou Olívio de forma independente e militante durante um ano, com uma câmera e um microfone lapela no protagonista, além de resgatar imagens de arquivo e entrevistas com pessoas envolvidas na história.

Depois, contou com ajuda de amigos que colaboraram na animação, artes, edição de som e mixagem. “O mais fácil foi o dia a dia do Olívio mesmo. Desde eventos políticos até ele andando de ônibus ou bicicleta pela cidade”, revela o diretor.

Ele acrescenta que o filme, acima de tudo, serve para o debate político. Mas sem deixar de ser uma bela obra audiovisual. “Não há ser apolítico. Ou você se soma ao debate, ou você é conivente com o que há de pior na política”, afirma.

Após o lançamento na capital, o filme será lançado em diversos municípios do Rio Grande do Sul, sempre com exibições gratuitas.

Assista trailer no YouTube.

*Com informações de Leandro Molina
** Editado por Wesley Lima