Na Paraíba, MST realiza Campanha de Solidariedade Entre o Campo e a Cidade
Por Thaís Peregrino
Da Página do MST
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Cerca de 20% de todo agrotóxico comercializado mundialmente está sendo pulverizado em nossos alimentos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um dos órgãos do Governo responsável pela regulamentação desses produtos no país, já alertou que os agrotóxicos também são comprovadamente prejudicais a saúde e estão proibidos em diversos países. Nesse contexto, a bancada ruralista conseguiu aprovar, em Comissão Especial, a PL 6299/02, também conhecida como Pacote do Veneno, para entrar em votação no Plenário da Câmara.
Contra as medidas do pacote, que revoga a atual Lei dos Agrotóxicos, a Jornada Nacional de Luta por Terra, Reforma Agrária e Justiça denunciou essa investida.
No estado, a Jornada encerrou suas atividades nesta última sexta-feira (27) e as mais de 500 famílias, que estiveram na capital do estado, João Pessoa, ocupando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), promoveram a Campanha de Solidariedade Entre o Campo e a Cidade.
A campanha teve início pela manhã com a entrega de alimentos agroecológicos produzidos pelo movimento às 300 famílias da ocupação Mulheres Guerreiras do Movimento Terra Livre. As famílias ocupavam prédios em construção do Minha Cada Minha Vida e foram vítimas de um despejo violento no último dia 12. Atualmente, as famílias encontram-se abrigadas num ginásio de esportes.
Ato Político
Durante a tarde, foi realizado um ato político e a distribuição de 5 toneladas de alimentos nas comunidades de São José e Nossa Senhora de Lourdes. As comunidades receberam macaxeira, feijão de corda, abacaxi, batata doce, farinha branca e diversas variedades de frutas dos assentamentos do estado.
Para Janailson Almeida, da direção do MST, o ato político foi um momento importante para reforçar, por meio da solidariedade, a importância da unidade entre o campo e a cidade e apresentar o modelo de agricultura popular por meio da entrega dos alimentos produzidos pelo MST.
“Nós estamos nessa construção, na busca pela aliança entre o campo e a cidade; dos movimentos sociais do campo com os movimentos sociais da cidade. Viemos nos solidarizar com a população urbana. Nós temos um projeto de Reforma Agrária Popular baseado na agroecologia, que é nossa matriz produtiva. Por isso, esse modelo se contrapõe ao modelo do agronegócio”, explicou.
Para ele, o momento também foi uma oportunidade de conscientização. “Hoje conseguimos denunciar o PL que visa retroceder ainda mais a agricultura no país. O trabalhador da cidade não está consciente do que está em tramite no governo Temer e sobre os impactos do agrotóxico nas suas vidas. É necessário que nós, dos movimentos do campo, provoquemos o debate nas comunidades urbanas’’, concluiu Almeida.