Violência contra a mulher é tema de debate no Paraná
Por Antonio Kanova
Da Página do MST
A atividade formativa aconteceu, na última sexta-feira (03), na Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA). Cerca de 50 homens e mulheres, militantes das áreas de assentamento da região Sul do Paraná estiveram no debate.
O evento foi realizado em uma ação conjunta entre o Ministério Público do Município de União da Vitória, coletivo feminista Mais Amélias e os militantes do MST da região sul do estado com o desafio de enfrentar o problema da violência contra as crianças e mulheres.
Para Thais Gisele do Coletivo feminista Mais que Amélias. “O desafio é construir um novo (ser humano) dentro de cada um. Não colocando mulheres contra homens, mas compreender que ações machistas interferem nas relações entre mulheres, homens e crianças”, afirmou.
Na estrutura social da sociedade, mulheres e homens são formados de maneiras diferentes. O homem precisa ser duro e rude e a mulher doce e meiga. A mulher é ensinada desde criança a ser submissa ao homem.
A cultura do machismo está enraizada na sociedade. Desde criança, na barriga das mães, as crianças são educadas dentro de um modelo onde a formação separa homens e mulheres. “As meninas ganham bonecas, brinquedos do lar, um ensinamento ao trabalho doméstico. Homens ganham brinquedos de super-heróis, dando a entender que podem ganhar o mundo”. Afirmou Thays Bieberbach, militante do coletivo feminista Mais Amélias.
Essa forma de educar as crianças é o início das desigualdades de gênero que também continua na adolescência e na vida adulta, se evidencia nas relações de trabalho, na participação da mulher na política e em outros âmbitos da sociedade.
Violência
Segundo dados do Coletivo Mais que Amélias, o Paraná é o terceiro estado com maior índice de violência contra a mulher, ficando atrás apenas do Espirito Santo e Alagoas. As formas de violência contra a mulher só são discutido quando aparecem casos famosos na imprensa, porém a maioria dos casos de violência não são denunciados e ou divulgados.
No campo, essa relação opressora e violenta dos homens sobre as mulheres que acontece de várias maneiras, desde a violência física, psicológica e financeira, tem sido percebida com maior intensidade.
A cultura da violência e dominação contra a mulher é transmitida por meio da educação das crianaças. Os meninos aprendem a exercer a dominação, física, sexual, econômica e psicológica e as meninas são educadas a aceitar a dominação e subordinação aos homens.
Daiane Silva, coletivo pedagógico da ELAA, afirmou que “a violência que aparece na sociedade e nos nossos espaços como forma de brincadeiras e demais formas de violência devem ser combatidas. Uma maneira de enfrentarmos é a participação nos espaços de debate e estudos sobre violências. Desta maneira poderemos avançar e mudar a prática da naturalização de violência”.
O papel da sociedade na superação da violência com a mulher passa por um processo de reeducação. Para Isabel Grein, militante do MST “é necessário pensar diferentes formas de educação das crianças,” afirmou.
*Editado por Iris Pacheco