Agroecologia é o Caminho para produção de alimentos saudáveis em São Paulo

Três áreas do MST mostram que é possível produzir alimentos livres de veneno
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Trabalho coletivo no Assentamento  Luiz Beltrame. Foto: Divulgação/MST

 

Por Coletivo de Comunicação do MST-SP
Da Página do MST

 

Três assentamentos do MST no interior do estado de São Paulo mostram que é possível produzir alimentos saudáveis, livres de veneno, e construir novas relações com o meio ambiente. 

O Assentamento Luiz Beltrame de Castro, em Gália, Dandara, localizado em Promissão, e o Laudenor de Souza, no município de Piratininga, têm construído coletivamente experiências produtivas através da agrofloresta, da solidariedade e da resistência, que inspiram todo estado. 

Produção agroflorestal

O Assentamento Luiz Beltrame de Castro é um dos territórios conquistados pelos Sem Terra que se destaca pela produção de grandes quantidades de alimentos em manejos agroflorestal, agroecológico e orgânico. 

Formalizado em 2013, o assentamento faz divisa com a Estação Ecológica dos Caetetus, uma reserva florestal de aproximadamente 2 mil hectares, que abriga uma grande variedade de mamíferos, pássaros, abelhas e etc. As discussões sobre a preservação do solo, das matas e do clima favorável à agricultura que a reserva proporciona, fez com que 27 assentados e assentadas iniciassem um grupo de cultivo em Sistema Agroflorestal (SAF).

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Foto: Divulgação/MST

Devido à forma como é planejado, os SAFs dispensam o uso de técnicas que degradam o solo e, principalmente, dispensam o uso de agrotóxicos e defensivos agrícolas, “é uma forma de desenvolver a agricultura, onde os trabalhadores e trabalhadoras compreendem o funcionamento das florestas, seus ciclos, plantando árvores e alimentos ao mesmo tempo. Os solos de florestas são considerados os mais produtivos, aprendemos que os solos sadios, produzem alimentos sadios e, consequentemente, aquelas e aqueles que os consomem, ficarão mais sadios”, explica o assentado Ângelo Diogo, que iniciou a agrofloresta no seu lote em 2016.

Um dos princípios fundamentais dos Sistemas Agroflorestais é o plantio de plantas diversas num mesmo canteiro, com a produção de legumes, verduras, grãos, madeira e frutas. O objetivo desse processo é ter diversidade na produção, garantindo a soberania alimentar aos produtores e às produtoras, potencializando as relações ecológicas entre as plantas e animais. 

Atualmente 25 famílias, que residem no assentamento,  praticam a agrofloresta e abastecem quinzenalmente Feiras Populares e alguns grupos de consumidores com cestas agroflorestais/orgânicas. 

Essas formas de comercialização direta possibilita que a população tenha acesso à alimentos livres de veneno, com preços mais acessíveis dos que são vendidos nas grandes redes de orgânicos.

Agricultura solidária

Também com práticas agroflorestais, o Assentamento Dandara tem desenvolvido recentemente a experiência da Comunidade que Sustenta a Agricultura  (CSA), um modelo de agricultura solidária onde o trabalhador deixa de vender seus produtos através de intermediários e conta com a participação de parceiros consumidores, chamados de “coo-agricultores”, para a organização e o financiamento de sua produção. 

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Arte da CSA.

Com 40 “coo-agricultores”, a CSA do Assentamento Dandara entrega semanalmente cestas com 11 variedades de produtos. “Os agricultores plantam os alimentos orgânicos ou agroecológicos e se responsabilizam por toda a parte relativa à produção. Já os “coo-agricultores” se comprometem, em pelo menos seis meses, com o pagamento de um valor mensal fixo e a retirada semanal de uma cesta”, pontua Joice Lopes, assentada e produtora.

Além da CSA, o assentamento tem áreas de agroflorestas e de cultivo de plantas medicinais, projetos conquistados pela organização interna das famílias na Cooperativa dos Produtores Campesinos (COPROCAM), que tem criado a partir das cestas uma proximidade com os consumidores urbanos, realizando atividade de campo, oficinas e recebendo grupos de estudantes.

Artesanatos e frutas

Já no Assentamento Laudenor de Souza, que tem 20 anos de luta, foi possível construir a partir do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) uma forte relação com a cidade de Bauru, localizada à 30 km de distância.

Cerca de 35 famílias residem no assentamento e para o PAA chegaram a entregar 2 toneladas semanais de alimentos no período em que acessavam o programa governamental, que após o golpe foi praticamente extinguido pelos cortes orçamentários do governo Temer.

Assim como no Assentamento Luiz Beltrame, a comunidade situa-se no rol dos assentamentos precarizados em infraestrutura, com constantes falhas no abastecimento de água, estradas sem manutenção e ausência de espaços coletivos para beneficiar os alimentos. Ainda assim, a variedade de produtos do assentamento é grande. 

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 Assentamento Laudenor de Souza. Foto: Divulgação/MST

Feira da Reforma Agrária

Muitos são os desafios produtivos encontrados em cada comunidade. Porém, para festejar as conquistas, entre os dias 1 e 4 de novembro, o MST reunirá os frutos das experiências produtivas de cada assentamento e realizará a 1º Feira da Reforma Agrária Popular, na cidade de Bauru. 

A Feira acontecerá durante a “Semana do Hip-Hop 2018”, atividade considerada o maior evento desse gênero musical da América Latina, organizada pelo Movimento Hip-Hop de Bauru.

O evento, organizado por movimentos do campo e da cidade, tem como objetivo dialogar com a população da cidade acerca da produção de alimentos saudáveis, debater as experiências produtivas das comunidades através da agroecologia e combater o uso de agrotóxicos.

 

*Editado por Wesley Lima.