Comunicadores populares exploram a arte da poesia

A oficina visa despertar na militância o gosto pela poesia e mostrar que todos são capazes de se tornarem poetas
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Oficina de poesia desperta a sensibilidade nos comunicadores. Foto: Sirlei Fernandes

 

Por Roberto Gaiardo, Leticia Vieira e Sirlei Fernandes*
Da Página do MST

 

Os mais de 40 militantes do MST e de movimentos sociais urbanos que participaram do Curso de Comunicação Popular Ulisses Manaças, organizado pelo MST, tiveram a oportunidade de aprender mais sobre a arte da escrita, com a realização da oficina de produção de texto, que trouxe a poesia como destaque.

 

A oficina foi ministrada pelo jornalista, escritor e poeta de Curitiba, Pedro Carrano, durante o curso. A atividade ocorreu de 06 à 14 de novembro, no Centro de Formação e Cultura Marielle Vive, um dos espaços da Vigília Lula Livre no bairro Santa Cândida, em Curitiba (PR). 

 

Segundo Carrano, a oficina visa despertar na militância o gosto pela poesia. “Para expressar a luta e a resistência a poesia é uma ótima ferramenta porque usa o imaginário das pessoas. O próprio indivíduo pode expressar a sua vida, colocando em poucas estrofes seus sentimentos mais profundos acerca da sua realidade”, argumenta.

 

Buscando fornecer instrumentos para que os integrantes do curso consigam se expressar através dessa arte, Carrano usou a teoria do filósofo russo Mikhail Bakhtin que defende que o ser humano se expressa a partir de sua realidade e no contato com o trabalho do outro, “por isso nunca fundamos nosso próprio trabalho, mas partirmos dos conhecimentos anteriores”. O Jornalista e escritor trouxe esse desafio para a prática da oficina, desafiando os educandos a produzirem suas próprias poesias.

 

Amanhecer Sem Terra

Angústia, armas, o cabo da enxada Parece um riacho, que deságua
No oceano vermelho!

O cacetete, espanta o abraço À madrugada de espinho
Uma agressão a beleza da poesia.

Bicho imundo! marco do latifúndio!
Resistência presente, experiência navegável A colheita de amor, na luta o segredo
Cortes de arame farpado Levante, ombro a ombro!
Enredo do amanhecer Sem Terra…

(Poesia: Letícia Vieira, Daniel Rodrigues, Edna, Diwzeffy e Aragão)

 

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Foto: Sirlei Fernandes

 

O resultado dessa provocação foi de que todas as pessoas são capazes de produzir poesia “a gente acha que só gente intelectual consegue escrever mais a classe trabalhadora também pode e tem que se apropriar dessa cultura e usar a sua própria linguagem” completa Pedro.

 

* Roberto Gaiardo, Leticia Vieira e Sirlei Fernandes são militantes do MST e participantes do Curso de Comunicação do MST/PR Ulisses Manaças.
**Editado por Solange Engelmann