Em Tocantins, famílias Sem Terra sofrem ameaça de despejo
Por Maura Silva
Da Página do MST
Está previsto para a tarde dessa quarta-feira (30), o despejo de 40 famílias Sem Terra do acampamento Clodomir de Morais, em Tocantins. A área, conhecida como Pântano do Papagaio, fica localizada às margens da Usina do Lajeado.
O recurso de reintegração de posse autorizado pelo Juiz de Direito em substituição, Valdemir Braga de Aquino Mendonça, beneficia a Investco S.A, empresa responsável pela Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães.
O mesmo juiz acatou o pedido de reforço policial feito pela empresa para o cumprimento da reintegração contra as famílias.
No requerimento, a qual o MST teve acesso, a advogada Bruna Bonilha de Toledo Costa Azevedo, classifica as famílias Sem Terra como “invasoras e violentas”, e solicita “apoio da autoridade policial, para as demolições necessárias”.
O pedido de demolição das moradias é uma continuidade a ação de reintegração de posse já efetuada em agosto de 2018. Desde então, as famílias acampadas sofrem ameaças de mortes e ataques, por parte de pistoleiros – que são contratados por fazendeiros locais – e do aparato policial da região.
“A Investico detém o domínio dessa área sem nenhum tipo de controle administrativo e, por meio escuso, permite que pessoas com poderio econômico apropriem-se na condição de grileiros da terra”, afirma Messias da direção estadual do MST. Além disso, as famílias que antes trabalhavam nessa área e dependiam dela para seu sustento hoje, sem renda e emprego, viraram Sem Terra e aqui estão, lutando por dignidade e melhores condições de vida”, finaliza.
Os Sem Terra já registraram ocorrências na Delegacia de Repressão a Conflitos Agrários e solicitaram apoio na Defensoria Publica Agrária, as ações não impediram os ataques dos pistoleiros ao acampamento e nenhuma providencia foi tomada até o momento.
Danos ambientais
Em 2012 o Ministério Público Federal denunciou a Investco S.A e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) pela mortandade de milhares de peixes no reservatório da usina.
Na ocasião, pescadores gravaram imagens que mostravam os peixes presos entre as pedras, após o fechamento das comportas da usina. A cena se repetiu por pelo menos das vezes no mesmo ano causando prejuízos materiais e ambientais na região.