Escola de Artes do MST reúne militantes de todos os estados do Nordeste

Socializando e potencializando as práticas artísticas nas áreas de Reforma Agrária, cerca de 80 Sem Terra realizam a 1ª Escola de Artes na região nordeste
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Fotos: Cadu Souza

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

         
Aprofundar o debate em torno do projeto de Reforma Agrária Popular como Programa Cultural do MST, da arte e da cultura, proporcionar vivências e troca de experiências a partir das linguagens artísticas e da cultura popular, são alguns dos objetivos da primeira edição da Escola de Artes do MST na região Nordeste, que reúne 80 militantes Sem Terra de todos os estados da região.

         
Vindos dos diversos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária dos estados do Nordeste, os participantes da Escola de Artes realizam uma verdadeira imersão formativa com as linguagens artísticas. A Escola, realizada em Campina Grande, no estado da Paraíba, pretende ainda potencializar o fazer artístico como ferramenta de resistência e luta na atual conjuntura e na construção da Reforma Agrária Popular.

           
De acordo com Jailma Serafim, da coordenação da Escola de Artes e do Coletivo de Cultura do MST, a Escola de Artes no Nordeste é mais um passo na radicalidade do programa cultural do MST.

“Nossa Escola é uma ferramenta que pretende preparar nossa militância na disputa ideológica para esse tempo histórico, além de impulsionar a construção de um processo de articulação do MST com os artistas e grupos populares de nossa região”, destacou Jailma.

           
Ao longo de toda a Escola de Artes, além dos momentos de debate e estudo coletivo, os participantes acompanham ainda uma série de oficinas técnicas nas áreas das artes plásticas, música, teatro, danças populares, audiovisual e literatura.

           
Isaias Torres, jovem assentado na Zona da Mata de Alagoas, participa da oficina de canto na Escola de Artes e avalia de maneira muito positiva o processo formativo.

“Esses dias são bastante importantes para contribuir na nossa formação militante, onde a gente possa utilizar novas ferramentas para os vários desafios que nós temos que enfrentar na atualidade”, ressaltou Isaias, que participa do Coletivo de Juventude.

A poesia, a música, a dança e as diversas expressões culturais e artísticas dão o tom dos momentos de formação ao longo dos dez dias de realização da Escola de Artes na região Nordeste, com a trajetória e as características da produção cultural e artística das áreas de Reforma Agrária da região.

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Fotos: Cadu Souza

Das raízes às canções de resistência

“Além do conhecimento político e ideológico, a Escola de Artes nos proporciona conhecer e descobrir ainda mais a cultura do Nordeste. Nesses dez dias descobrimos outros jeitos, sabores e maneiras diversas de lidar com o cotidiano em cada realidade, conhecendo diversas pessoas, com várias habilidades e repleta de conteúdo político”, explicou Amanda Pereira, participante da Escola de Artes, vinda do estado do Ceará.

A principal expectativa de Amanda é poder aproveitar ao máximo cada espaço da Escola de Artes e poder levar os ensinamentos coletivos para partilhar na sua comunidade.

Assentada no litoral do Ceará, Amanda é emboladora de coco do grupo Raízes do Coco, que reúne 23 pessoas do assentamento Sabiaguaba, no resgate e preservação da dança de coco, tradicional na região. O grupo que existe desde 2005, foi o primeiro grupo de coco a ter mulheres na tarefa de emboladoras.

“Cantamos e dançamos o nosso lugar, nossos sonhos, o que a gente sonha para nossa comunidade, cantamos nossa resistência”.

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Fotos: Cadu Souza