Famílias Sem Terra sofrem com ameaça de despejo em Pernambuco

O despejo, autorizado pelo juiz da comarca de Goiana, deve ser realizado com auxílio da Polícia Militar do Estado

 

Da Página do MST 

 

É com preocupação que a direção do MST vem a público denunciar o despejo de 450 famílias, do acampamento localizado na usina Maravilha, município de Goiana, Mata Norte de Pernambuco.

Durante a semana os acampados foram surpreendidos com uma autorização de despejo marcada para essa terça-feira (26). O despejo, autorizado pelo juiz da comarca de Goiana, deve ser realizado com auxílio da Polícia Militar do Estado. 

 

Entenda o caso 

 

As Terras da falida usina Maravilha, estão ocupadas desde 2012, em 2013 uma comissão de negociação com  representantes da Usina, Governo do Estado, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Ministério Público, Justiça Federal, Secretaria da Fazenda Nacional e representantes do MST foi organizada.

Desde então, ficou acertado que um conjunto de seis imóveis seriam negociados para Reforma Agraria em troca de dívidas da usina com Governo Federal. Ao todo, foram negociados cerca de 2.900 hectares. Na ocasião, também um mapa com imóveis que poderiam ser disponibilizados para fins de Reforma Agrária no estado de Pernambuco e Paraíba também foi divulgado.

Diante disso, o Incra fez o levantamento técnico dos imóveis e as famílias passaram a produzir nas terras liberadas, construíram casas, escolas, áreas sociais, organizaram hortas e quintais produtivos.

Essas mesmas áreas que estavam totalmente falidas e improdutivas, hoje alimentam as 450 famílias que vivem de sua produção.

Por tudo o que foi colocado, solicitamos com urgência:

a) Que o governo do estado suspenda de forma provisória o despejo enquanto reorganizamos uma reunião com a comissão representativa anterior na busca por uma alternativa para o conjunto das áreas de pré-assentamento da Usina Maravilha.

b) A construção de uma comissão de parlamentares para acompanhar o processo de negociação na tentativa de evitar conflitos diretos.

c) Reunião com os prefeitos e prefeitas da região dos pré-assentamentos; Goiana, Condado, Aliança, Camutanga e Itambé para discutir as consequências de um possível despejo das famílias destas terras.

Esperamos imediata reação do Governo do Estado para ajudar a evitar os despejos e construir uma solução que seja razoável para todos as instituições, mas, sobretudo para todas as famílias que estão envolvidas nesse processo.

Direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST 

Recife 24 de fevereiro de 2019