Acampamento no Ceará sofre ameaça de despejo
Por Aline Oliveira e Amanda Sampaio
Da Página do MST
As 30 famílias do acampamento Nova Vida, localizado em Mauriti, no interior do Ceará, correm o risco de despejo a qualquer momento, caso um pedido de reintegração de posse seja cumprida nesta quinta-feira (28).
Ocupada há 8 anos, a área está cercada neste momento com 12 viaturas da polícia militar prontas para efetuar o despejo. Também se deslocam para o local um aparato de maquinários, tratores, ambulância, conselho tutelar, assistência social, caminhões e ônibus, para forçar a saída dos trabalhadores e trabalhadoras.
O no Ceará emitiu uma nota pública solicitando ao Governo do Estado, organizações, entidades e movimentos populares para que não seja executada a ordem de despejo.
Confira a íntegra da nota:
Nota de denúncia
Mais um acampamento ameaçado de despejo no Ceará.
Nós do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-CE) viemos por meio desta nota denunciar o risco da reintegração de posse, previsto pra ocorrer amanhã (28/03), no acampamento Vida Nova, localizado no município de Mauriti-CE.
O acampamento Vida Nova resiste há mais de 08 anos, conta com mais 30 famílias compostas por crianças, jovens, idosos e pessoas com deficiência física. As Famílias que desenvolvem o trabalho no campo produzindo a partir da agricultura familiar camponesa, nesse sentido o acesso à terra é a garantia a realização do sonho de ter um pedaço de terra para viver e produzir alimentos saudáveis.
Desde novembro de 2018 o MST-CE vem sofrendo ataques e perseguições sistemáticas por parte do judiciário e poderes políticos locais sendo este o 4º mandado de reintegração de posse nos últimos seis meses como foram os casos dos acampamentos 17 de abril (Santana do Acaraú), Zé Wilson (Lavras da Mangabeira) e a tentativa de despejo acampamento Zé Maria do Tomé (Limoeiro do Norte). Hoje no Ceará há aproximadamente 3 mil famílias acampadas, muitas delas resistem a mais de quinze anos em busca de conquistar a terra.
Diante dessas perseguições ao MST e escalada da violência no campo, o movimento repudia as ações truculentas e autoritárias, compreendendo que a terra é um bem comum, e que de acordo com a Constituição Federal de 1988 o imóvel rural deverá atender a sua função social conforme determinado no seu artigo 184.
Nesse sentido, convocamos todas as organizações, entidades e movimentos populares a se somarem na luta em defesa das famílias acampadas, trabalhadoras e trabalhadores rurais Sem Terra.
Direção Estadual do MST Ceará
Fortaleza, 27 de março de 2019.
Editado por Fernanda Alcântara