Tem início no Maranhão a 6ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária
Por Reynaldo Costa
Da Página do MST
No sábado (06) um grupo de educadores e educandos da Universidade Estadual do Sul do Maranhão (UEMASUL) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA– Campus de Imperatriz) realizaram as primeiras atividades da Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária (JURA) no Maranhão. Eles visitaram Sem Terras acampados, participaram de atividades e debateram sobre reforma agrária e o papel das instituições de ensino com as populações rurais.
Durante todo o dia o grupo esteve presente no acampamento de trabalhadores rurais Sem Terra da Comunidade Viva Deus, na cidade de Imperatriz, sudeste do estado. A programação contou com intensos debates sobre temas relacionados a questão agrária, com a participação de militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB). Representantes dos movimentos apresentaram o objetivo de suas organizações, as formas de luta e falaram sobre a atual conjuntura agrária.
Alguns professores da UFMA contribuem há vários na organização da comunidade de Imperatriz. A professora Betania Oliveira Barroso, do Curso de Ciências Humanas/Sociologia, é uma das organizadoras do JURA na região. Ela observou reciprocidade entre os visitantes e os trabalhadores.
“Avalio que esta vivência resultou na motivação da Comunidade Viva Deus e dos participantes a permanecermos em luta e resistência pela posse da terra”, afirmou.
A professora Betania também avaliou a importância dos momentos de vivências em comunidades e dos debates a cerca da questão agrária para o avanço da consciência dos indivíduos envolvidos.
“Espero que as próximas vivências sejam intensas. Penso que os debates e as vivências possam adensar ainda mais, para que haja impacto nas consciências dos participantes”, ressaltou. Segundo ela, o objetivo da visita foi ouvir e entender como está o processo de luta pela terra daqueles trabalhadores e os momentos pelos quais eles estão passando.
Luciana Sousa, estudante do 5º período de Jornalismo pela UFMA, já havia participado de atividades do MST, mas nunca em acampamento de Sem Terra. Ela ressaltou o valor da experiência promovida pela Jura. “É incrível viver esta experiência, ouvir as pessoas e entender o processo da luta por territórios. Viver essa troca de sabedorias e de informações é gratificante.”
Luciana, uma das acadêmicas na organização da atividade, complementou sobre este papel da dos educadores. “Levar seus alunos para dentro destas comunidades é fundamental para as universidades. Devemos atravessa os muros e ir até à sociedade, prestar nosso papel para esta sociedade”, afirmou.
A vivência na comunidade Viva Deus é o inicio de uma jornada de diversas ações e debates, dentro e fora dos campus acadêmicos, que se estenderão até as primeiras semanas de maio. Entre as atividades sendo construídas destaca-se está a participação no Acampamento Pedagógico da Juventude do Campo na Curva do S, em Eldorado dos Carajás, local onde 19 trabalhadores foram assassinados em abril de 1996.
A Jornada também promoverá uma sequência de “Círculos de Debates”, mostra de cinemas, feiras de produtos da reforma agrária e várias atividades culturais. No estado do Maranhão também acontecerão atividades na capital São Luís, organizadas por movimentos sociais e pela Universidade Estadual do Maranhão.
A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária está na 6ª edição e é realizada anualmente em diversas instituições por todo o país para marcar o Dia da Luta Camponesa (17 de abril), que homenageia os 19 Sem Terra assassinadas no massacre de Eldorado de Carajás, no Pará, em 1996. O tema deste ano é “Questão Agrária, Direitos Humanos e Educação Pública”.
A Comunidade Viva Deus faz parte de um acampamento que há 16 anos reivindica a desapropriação de uma área no interior de Imperatriz. A empresa de celulose Suzano se diz proprietária da área de pelo menos 12 mil hectares, porém quando a empresa chegou ao Maranhão a área já era reivindicada pelos camponeses há pelo menos cinco anos. A Suzano é o principal obstáculos para criação do assentamento.
Editado por Fernanda Alcântara