Acampamento Marielle Vive! completa um ano em Valinhos
Por Coletivo de Comunicação do MST em São Paulo
Da Página do MST
Foi no primeiro raiar do sol no dia 14 de abril de 2018, um mês após o assassinato de Marielle e Anderson, que mais de 700 famílias da região de Campinas (SP) romperam as cercas da Fazenda Eldorado Empreendimento Imobiliários Ltda., fazendo frente a especulação imobiliária e a improdutividade da terra.
Neste domingo (14), o Marielle Vive! levantou as bandeiras coloridas para festejar. Mantendo a organicidade cotidiana do acampamento, a festa foi realizada graças à auto organização das famílias e equipes de infraestrutura, limpeza, saúde, mística, ciranda, segurança, cozinha, comercialização e ornamentação.
Com um almoço coletivo e partidas de futebol feminino e masculino, a festa teve início por volta das 12h. Na parte da tarde foi realizado um ato político com a participação de aliados que desde o primeiro dia da ocupação foram fundamentais pra resistir aos embates da justiça e da prefeitura de Valinhos.
Hoje no Marielle Vive! moram cerca de 1.200 famílias. O cotidiano no acampamento é dinâmico e complexo, com atividades entre todos os sujeitos que participam da luta, culminando na realização do Encontro de Mulheres e do Encontro dos Sem Terrinha na área.
A auto organização dos Sem Terra também garantiu uma grande festa junina no terceiro mês de ocupação, e continua com jogos de futebol, xadrez, noites culturais e espaços de formação permanente.
Para Cícera, professora aposentada da rede estadual de São Paulo e hoje coordenadora do setor de educação do acampamento, “cada momento no acampamento é um aprendizado”. Ela é parte da equipe que desenvolve o método de alfabetização “Sim, eu posso”, nas aulas de Educação para Jovens e Adultos. “Um ano no Marielle Vive! é um ano de escola. Aprendemos dia a dia da convivência, das nossas atividade, das nossas lutas e, como eu sempre falo, a conquista da terra é consequência de todo isso”, continua.
Assim como Cícera, as famílias do acampamento exercitam a importância da organicidade e do respeito aos acordos coletivos para avançar na luta. Assim, a festa também é um momento de denuncia frente a Prefeitura de Valinhos, pelo desrespeito a direitos fundamentais como o acesso à água e à saúde pública. Eles denunciam também as recorrentes intimidações da Polícia e da Guarda Municipal, que agem procurando a desestabilização do acampamento.
Por isso, a acampada Julia diz que um ano no Marielle Vive! já é uma vitória. “Podemos nos sentir vitoriosos. Eu vim procurar a Reforma Agrária, a terra pra plantar. E agora estou aqui, lutando junto ao MST, não só por essa terra, não só pra mim, mas pra todos os que querem a Reforma Agrária. Vamos até o fim com toda a força que nós, Sem Terra, temos”, concluiu.
Editado por Fernanda Alcântara