Acampamento no Baixo Sul da Bahia sofre a sua terceira reintegração de posse

30 famílias que estão acampados a dez anos são obrigadas a entregar sua moradia e produção ao latifúndio
ocup [1].jpg
Momento do despejo do acampamento Belo Monte, no Sul da Bahia. Foto: Divulgação

Da Página do MST

Na manhã desta quinta-feira (27), 30 famílias no Baixo Sul da Bahia passaram pelo seu terceiro despejo no acampamento Belo Monte, antiga fazenda Bom Prazer.
 

O latifúndio de Hugo Barreto se encontra ocupado há dez anos pelas famílias Sem Terra. A fazenda se encontrava abandonada e sem utilização, não cumprindo assim com o seu papel social. As famílias hoje cultivam hortaliças, mandioca, banana da terra, milho, feijão, além de terem feito a recuperação da área de cacau que se encontrava em total abandono. 
 

Hoje a fazenda oferece a 150 pessoas a oportunidade de moradia e trabalho, gerando assim renda para as mesmas e para a população da região, e levando para a mesa da população alimentos saudáveis, de qualidade e baratos. 
 

O Juiz Álvares de Souza Nascimento, da Comarca do Município de Gandu, Baixo Sul da Bahia, concedeu a determinação de despejo nessas famílias. Essa ordem desconsidera toda a trajetória do acampamento e seus benefícios a toda população. Os acampados tinham 8 hectares de mandioca, 6 hectares de culturas anuais, 6 mil pés de bananas e uma casa de farinha. Todos os sábados, as famílias acampadas vendiam sua produção nas feiras livres de Apuarema e Itamari. 

ocup [3].jpg

O despejo implica diretamente na mesa da população local, sabendo que hoje cerca 70% do alimento disponível aos cidadãos vem da agricultura familiar, e na região isso não é diferente. Segundo Jeanderson Souza, dirigente do MST no Baixo Sul da Bahia
“Com o despejo, os municípios de Apuarema e Itamari, que tem como principais culturas  o cacau e o gado de corte produzidas pelos latifundiários, terão impactos diretos no que se refere a disposição de produtos frescos e de qualidade”
 

Por isso o MST repudia essa ação que priva famílias de trabalharem para se manter e levar alimentos de qualidade a todos e todas. “Ocupar é um direito, e não podemos recuar” conclui Souza.

*Editado por Fernanda Alcântara