Festivais juninos da Reforma Agrária tomam conta do Ceará

A arte e a cultura no MST tem sido um importante espaço de disputa ideológica na construção da Reforma Agrária Popular!
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 Festival junino no Ceará. Foto: Aline Oliveira

 

Por Aline Oliveira e Solange Engelmann
Da Página do MST 

Antes que junho termine, pedimos licença ao padrinho Cícero e aos Deuses do Divino, do Universo e as diversas crenças dos povos da terra, das águas e das florestas, para contar um pouco dos festejos, arraiás e quadrilhas juninas do Nordeste. 

Como a arte, cultura e, principalmente, a alegria, que são combustíveis essenciais da Reforma Agrária Popular, a Juventude Sem Terra não poderia ficar de fora de uma das principais festas nordestina dessa época do ano. Os festejos do São João celebram a resistência, a fartura, o folclore e a cultura regional, com danças e comidas típicas. 

No Ceará, por exemplo, nos últimos anos os jovens têm organizado festivais juninos temáticos. Nesses espaços procura-se manter viva a cultura camponesa, fazer denúncias e trazer as narrativas em torno dos debates acerca do atual momento político.

O assentado e membro da direção estadual do MST no Ceará, Genivando Santos, explica que além de momentos de confraternização, os festivais juninos da Reforma Agrária, são ambientes de protestos e defesa dos direitos dos trabalhadores.

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As apresentações emocionaram.
Foto: Aline Oliveira

“Os nossos festivais são um momento de fortalecimento da nossa cultura, de reafirmação da nossa identidade camponesa. Procuramos demonstrar que o povo Sem Terra além de produtor de alimentos, também produz conhecimento, arte e cultura”, argumenta Santos.

Segundo ele, este também é um período de muito trabalho nos assentamentos do MST, que este ano realiza festivais de quadrilhas, em que são abordados o tema da luta pela democracia, pelos direitos sociais, denúncias sobre o aumento do feminicídio, a luta pela terra e, principalmente, para comemorar os 30 anos de luta do MST no Ceará.

Festival de Quadrilha

Neste sábado (29) e domingo (30), a Juventude Sem Terra do estado realiza o Festival de Quadrilhas Juninas do Assentamento Monte Alegre, com a presença de grupos de quadrilhas de assentamentos e comunidades da região.

Ao todo, sete grupos irão se apresentar. Entre eles o arraiá Força Jovem, do assentamento Monte Alegre, do qual a assentada Vanda Santos participa. Ela conta que, para atingir a beleza da expressão artística nas apresentações ao público há todo um processo que exige dedicação, estudo, envolvimento da comunidade e da juventude que leva tempo.

“A definição dos temas é discutido na comunidade e aprovado num grupo coletivo. Nos baseamos na conjuntura atual, que vivenciamos naquele momento, para estar homenageando. Aí a gente se organiza, faz quatro meses de ensaio, todos os finais de semana com a juventude, até o dia da apresentação”, detalha Vanda.

Além de jovens dos assentamentos, o grupo Força Jovem, procura trabalhar com a inclusão de participantes de comunidades indígenas e quilombolas, relata também a assentada. Este ano o arraiá completa 20 anos de apresentações.

Primeiro São João da Reforma Agrária 

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Foto: Aline Oliveira

No último sábado (22), o MST no Ceará realizou o primeiro São João da Reforma Agrária Popular, em Fortaleza. 

A atividade contou com a apresentação de quatro grupos de quadrilha junina: “Brilho Junino” e “Arraiá Pula Fogueira” do assentamento 25 de Maio, de Madalena, o grupo “As faces de Francisca” do assentamento Antônio Conselheiro, em Ocara, e o grupo junino “Festeja Ceará” de Limoeiro do Norte, que retratou a história da luta pela terra na Chapada do Apodi e a luta do militante e ambientalista Zé Maria do Tomé, em defesa da vida e contra os agrotóxicos.

As apresentações emocionaram o público participante, com enredos que abordaram a luta pela terra no Nordeste e renderam homenagens aos 30 anos de lutas, conquistas e resistência MST no estado.

 

*Editado por Wesley Lima