Primeiro dia da Caravana da Resistência afirma a luta por Reforma Agrária e Lula Livre
Por Mayrá Lima
Da Página do MST
Grandes atos públicos e visitas a produções agroecológicas de acampamentos Sem Terra marcaram o primeiro dia da Caravana da Resistência. Organizada por parlamentares integrantes do Núcleo Agrário do PT, em parceria com a Liderança do partido na Câmara, a caravana percorre os estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco até a próxima sexta-feira, levando debates sobre a importância da reforma agrária, os desafios frente aos ataques à previdência rural, além de denunciar a prisão política do ex- presidente Lula.
“Iniciamos o dia conhecendo a produção do acampamento Abril Vermelho, organizado pelo MST, em Juazeiro. Mesmo ameaçados de despejo desde 2012, os acampados produzem uma variedade de frutas e legumes em 1700 hectares, dentro do perímetro irrigado do Salitre. A produção emprega não somente as famílias acampadas, mas também pessoas da região. Se sem políticas públicas eles fazem tudo isso, imaginem com o devido incentivo?”, explicou o deputado Valmir Assunção (PT-BA).
O líder da Bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta, lembrou da Caravana pelo Nordeste, com a presença de Lula. “Nós estamos fazendo exatamente o que ele determinou: estamos falando por ele, sendo os olhos e as pernas dele”, afirmou.
Ainda na região de Juazeiro, a Caravana foi até o Centro de Formação Dom José Rodrigues, onde recebeu manifestações em defesa de políticas de convivência com o semiárido. O centro faz parte do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), um lugar especializado em promover experimentos e tecnologias sociais que priorizem a convivência com o semiárido no Nordeste.
Ainda na Bahia, os parlamentares seguiram para Uauá, cidade que sedia a COPERCUC, uma cooperativa de agricultores familiares que integra 271 cooperados dos municípios de Canudos, Uauá e Curaçá. De acordo com Denise Cordeiro, presidenta da cooperativa, programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) foram fundamentais para a consolidação da cooperativa, que beneficia geleias, compotas e até mesmo cerveja de umbu, fruta nativa da região. “Sentimos falta deste programa, mas somos a prova de que a organização pode nos dar a resiliência necessária neste momento”, disse.
A memória em Canudos
A Caravana da Resistência passou pelo Parque Estadual de Canudos, palco da histórica guerra de Canudos. Acompanhados pelos dirigentes nacionais do MST, Liu Durães, Evanildo Costa e Alexandre Conceição, o parlamentares conheceram os cenários do que antes era o arraial de Belo Monte, liderado por Antônio Conselheiro e massacrado pelas forças da monarquia, apoiado por latifundiários que já não aceitavam a autorganização camponesa.
De acordo com o deputado João Daniel (PT-SE), coordenador do Núcleo Agrário do PT na Câmara, a elite brasileira construiu um açude para apagar a memória de Canudos. “Hoje, só é possível ver as ruínas quando o açude está mais seco”, lembrou. No entanto, inspirados na resistência de Belo Monte, 160 famílias Sem Terra ocupam desde 2013 uma área próxima ao parque, que pertencia ao ex-deputado Severino Alves. “Essas famílias hoje produzem frutas e hortaliças, um dos maiores exemplos para a região”, completou Daniel.
Nesta quinta-feira (01/8), a Caravana da Resistência estará em Paulo Afonso (BA), em que participará de atividades com sindicalistas da CHESF. No período da tarde, os parlamentares viajam para Sergipe, onde realizam debates nos municípios de Canindé do São Francisco, Poço Redondo e Nossa Senhora da Glória.
*Editado por Fernanda Alcântara