Bolsonaro não precisa das ONGs para queimar a imagem do Brasil no mundo

Carta expõe verdade sobre a destruição sistemática da Amazônia
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Foco de incêndio na Floresta Amazônia em São Félix do Xingu, no Pará, registrado pelo Greenpeace. Imagem: Daniel Beltrá/Greenpeace

Da Abong
 

Diante da crise ambiental que se agrava na região amazônica esta semana, o presidente Jair Bolsonaro prestou mais um desserviço ao relacionar as queimadas e as organizações não-governamentais.
 

Embora reconheça o problema que antes negava, presidente insinua que ONGs podem estar por trás das queimadas que já atingem reservas indígenas.

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Nesta quarta (21), Bolsonaro afirmou que as ONGs seriam as responsáveis pela situação na Amazônia “por terem perdido recursos e estarem querendo atingi-lo”. Ao ser indagado se tinha evidências das alegações, afirmou que “não existem planos escritos nesses casos”.  

Frente à estas acusações, organizações divulgaram em conjunto uma carta para à população brasileira sobre os ataques às instituições e à Amazônia. Confira:

“Bolsonaro não precisa das ONGs para queimar a imagem do Brasil no mundo inteiro”

Os focos de incêndio em todo Brasil aumentaram 82% desde o início deste ano, para um total de 71.497 registros feitos pelo INPE, dos quais 54% ocorreram na Amazônia. Diante da escandalosa situação, Bolsonaro disse que o seu “sentimento” é de que “ONGs estão por trás” do alastramento do fogo para “enviar mensagens ao exterior”.
 

O aumento das queimadas não é um fato isolado. No seu curto período de governo, também cresceram o desmatamento, a invasão de parques e terras indígenas, a exploração ilegal e predatória de recursos naturais e o assassinato de lideranças de comunidades tradicionais, indígenas e ambientalistas. Ao mesmo tempo, Bolsonaro desmontou e desmoralizou a fiscalização ambiental, deu inúmeras declarações de incentivo à ocupação predatória da Amazônia e de criminalização dos que defendem a sua conservação.
 

O aumento do desmatamento e das queimadas representa, também, o aumento das emissões brasileiras de gases do efeito estufa, distanciando o país do cumprimento das metas assumidas no Acordo de Paris. Enquanto o governo justifica a flexibilização das políticas ambientais como necessárias para a melhoria da economia, a realidade é que enquanto as emissões explodem, o aumento do PIB se aproxima do zero.
 

O Presidente deve agir com responsabilidade e provar o que diz, ao invés de fazer ilações irresponsáveis e inconsequentes, repetindo a tentativa de criminalizar as organizações, manipulando a opinião pública contra o trabalho realizado pela sociedade civil.
 

Bolsonaro não precisa das ONGs para queimar a imagem do Brasil no mundo inteiro.
 

Brasil, 21 de agosto de 2019

Assinam a carta:
 

Ação Educativa;

Angá;

Articulação Antinuclear Brasileira;

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, APIB;

Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente, APEDEMA;

Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia, AGENDHA;

Associação Agroecológica Tijupá;

Associação Alternativa Terrazul;

Associação Ambientalista Copaíba;

Associação Ambientalista Floresta em Pé, AAFEP;

Associação Ambientalista Floresta em Pé, AAFEP;

Associação Amigos do Meio Ambiente, AMA;

Associação Arara do Igarapé Humaitá, AAIH;

Associação Brasileira de ONGs, ABONG;

Associação Civil Alternativa Terrazul;

Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos, AQUASIS;

Associação de Preservação da Natureza do Vale do Gravataí;

Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida, APREMAVI;

Associação Defensores da Terra;

Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre, AMAAIAC;

Associação em Defesa do rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar, APOENA;

Associação Flora Brasil;

Associação MarBrasil;

Associação Mico-Leão-Dourado;

Associação Mineira de Defesa do Ambiente, AMDA;

Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia, CAPA / FLD;

Centro de Assessoria Multiprofissional, CAMP;

Centro de Estudos Ambientais, CEA;

Centro de Trabalho Indigenista, CTI;

Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro Brasileiro;

Cidade Escola Aprendiz;

Coletivo BANQUETAÇO;

Coletivo Delibera Brasil;

Coletivo do Fórum Social das Resistências de Porto Alegre;

Coletivo Socioambiental de Marilia;

Comissão Pró-Índio do Acre, CPI-Acre;

Conselho de Missão entre Povos Indígenas, COMIN / FLD;

Conselho Indigenista Missionário, CIMI;

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, COIAB;

Coordenadoria Ecumênica de Serviço, CESE;

Ecossistemas Costeiros, APREC;

Elo Ligação e Organização;

Espaço de Formação, Assessoria e Documentação;

FADS – Frente Ampla Democrática Socioambiental;

FEACT Brasil (representando 23 organizações nacionais baseadas na fé);

Federação de Órgãos para Assistencial Social e Educacional, FASE;

Fórum Baiano de Economia Solidária;

Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, FBOMS;

Fórum da Amazônia Oriental, FAOR;

Fórum de Direitos Humanos e da Terra;

Fórum de ONGs Ambientalistas do Distrito Federal;

Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo, FOAESP;

Fórum Ecumênico ACT Brasil;

Fórum Social da Panamazônia;

Fundação Avina;

Fundação Luterana de Diaconia, FLD;

Fundação Vitória Amazônica, FVA;

GEEP – Açungui;

Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero;

Grupo Ambientalista da Bahia, GAMBA;

Grupo Carta de Belém;

Grupo de Estudos Espeleológicos do Paraná;

Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para Agenda 2030;

Grupo Ecológico Rio de Contas, GERC;

Habitat para humanidade Brasil;

Iniciativa Verde;

Instituto AUÁ;

Instituto Augusto Carneiro;

Instituto Bem Ambiental, IBAM;

Instituto Centro Vida, ICV;

Instituto de Estudos Ambientais – Mater Natura;

Instituto de Estudos Jurídicos de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais, IDhES;

Instituto de Estudos Socioeconômicos, Inesc;

Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, Iepé;

Instituto de Pesquisas Ecológicas, IPÊ;

Instituto Ecoar;

Instituto EQUIT – Gênero, Economia e Cidadania Global;

Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental;

Instituto Internacional de Educação do Brasil, IEB;

Instituto MIRA-SERRA;

Instituto Socioambiental, ISA;

Instituto Universidade Popular, UNIPOP;

Iser Assessoria;

Movimento de Defesa de Porto Seguro, MDPS;

Movimento dos Trabalhadores/as Rurais Sem Terra, MST;

Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas de São Paulo;

Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça e Cidadania;

Movimento Roessler;

Movimento SOS Natureza de Luiz Correia;

Núcleo de Pesquisa em Participação, Movimentos Sociais e Ação Coletiva, NEPAC UNICAMP;

Observatório do Clima;

OekoBr;

Operação Amazônia Nativa, OPAN;

Organização dos Professores Indígenas do Acre, OPIAC;

Pacto Organizações Regenerativas;

Plataforma DHESCA Brasil;

ProAnima – Associação Protetora dos Animais do Distrito Federal;

Processo de Articulação e Diálogo, PAD;

Projeto Saúde e Alegria;

Rede Brasileira De Justiça Ambiental;

Rede Conhecimento Social;

Rede de Cooperação Amazônia, RCA;

Rede de ONGs da Mata Atlântica, RMA;

Rede de ONGs da Mata Atlântica;

Rede Feminista de Juristas, deFEMde;

Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS, RNP+BRASIL;

Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS do Estado de São Paulo, RNP+SP;

Sempreviva Organização Feminista, SOF;

SOS Mata Atlântica;

Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, SPVS;

Terra de Direitos;

TERRA VIVA – Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Extremo Sul da Bahia;

União Protetora do Ambiente Natural, UPAN;

Vida Brasil;