Nota de denúncia contra a Mineração da SAM no norte de Minas Gerais
Da Página do MST
Nesse mês de setembro, acontece em Montes Claros (MG) o I Seminário de Inovação de Comércio e Serviço China-Brasil. No evento evento será apresentado um projeto Sul Americana de Metais – SAM, empresa de controle Chinês, que visa destruir bens naturais da região, desconsiderando as famílias e os riscos ao meio ambiente.
Contra esta parceria da morte, os movimentos sociais lançaram hoje (11) um manifesto de denúncia contra as intenções de construir um mineroduto que leva o minério e a água da região. Confira abaixo a nota.
ZEMA, FIEMG E SAM DECLARAM GUERRA CONTRA OS POVOS DOS GERAIS E DO SEMIÁRIDO MINEIRO
Nesta semana, em Montes Claros, durante a FENICS – Feira Nacional da Indústria Comércio e Serviços – no dia 12 de setembro, ocorrerá um seminário intitulado Seminário de Inovação China-Brasil. O evento é financiado pela mineradora Sul Americana de Metais – SAM, empresa de controle Chinês, que quer explorar o minério de ferro no município de Grão Mogol-MG e exportá-lo sem agregação de valor para a China.
Exploração de matéria prima e mão de obra barata, deixando toda a destruição para a população que ali vive, mas também impactando severamente toda a região semiárida de Minas Gerais. Um verdadeiro projeto de MORTE! A mineradora vai utilizar 54 milhões de m³ de água por ano numa região semiárida, isso equivale ao dobro do consumo de toda a cidade de Montes Claros-MG em um ano. Pra levar a matéria prima bruta para a China, querem construir um mineroduto que leve o minério e também a nossa água até o porto de Ilhéus, na Bahia.
Além disso, o projeto prevê a construção de duas barragens de rejeitos que somam 1,118 bilhões de m³ – a maior do Brasil! A barragem de Fundão, em Mariana, continha 54 milhões de m³ e matou 21 pessoas e todo o Rio Doce, chegando até o mar. A SAM tentou licenciar o projeto no IBAMA e teve dois indeferimentos, pois o projeto é altamente insustentável. Agora a SAM fragmentou o projeto e quer licenciar a mina através do Governo de Minas, pela SUPPRI/SEMAD, a mesma que deu parecer favorável para a mina do Córrego do Feijão operar, que causou o crime da Vale em Brumadinho, deixando quase 300 mortos. A SAM tenta licenciar o mineroduto, que já teve licenciamento barrado, pelo IBAMA através da empresa Lotus, também controlada pela SAM.
Caso o projeto seja aprovado, serão totalmente destruídas pelo menos 11 comunidades tradicionais Geraizeiras em Grão Mogol, mas os impactos serão sentidos ao longo de toda bacia do Rio Jequitinhonha e do Rio Pardo, caso consigam aprovar a operação da mina e do mineroduto. Cidades e municípios da região já convivem com o racionamento de água nos períodos de seca, vamos entregar a água, a nossa maior riqueza, nas mãos de quem só visa o lucro e deixa a destruição?
A nossa Casa Comum está sendo destruída colocando em risco toda a sociedade. A Floresta Amazônica está em chamas. O Rio Doce já está morto. O Rio Paraopeba agoniza também. Agora querem matar o nosso Rio Jequitinhonha. Os movimentos sociais, pastorais e sindicais na região e as comunidades geraizeiras de Grão Mogol resistem a este projeto de destruição, em defesa do seu território tradicional, do Cerrado, das nossas águas e das nossas vidas!
FIEMG, ZEMA e deputados que apoiam essa insanidade são responsáveis por mais essa catástrofe anunciada!
Assinam esta carta:
Comunidades do Território Tradicional Geraizeiro de Vale das Cancelas
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Conselho Pastoral de Pescadores e Pescadoras (CPP)
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Cáritas Arquidiocesana de Montes Claros
Centro de Referência em Direitos Humanos – CRDH Norte
Frente Brasil Popular Norte de Minas
Movimento das Trabalhadoras e Trabalhores por Direitos – MTD
Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação – SindUTE
Levante Popular da Juventude de Montes Claros
Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais – Sindieletro
Sindicato dos Metalúrgicos de Montes Claros
Sindicato dos Tecelões de Montes Claros
Sindicato dos Servidores Municipais de Montes Claros
União da Juventude Socialista de Montes Claros – UJS
Sindicato dos Trabalhadores Rurais Assalariados e Agricultores Familiares de Montes Claros
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Ong Ecos do Gorutuba
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha
Mandato Popular da Deputada Estadual Leninha
Mandato Popular da Deputada Estadual Beatriz Cerqueira
Articulação das CPT’s do Cerrado