Ação literária marca cultura da resistência em Belo Horizonte
Por Agatha Azevedo
Da Página do MST
Comemorando o aniversário de 20 anos da Editora Expressão Popular, diversas cidades do Brasil promovem a Ação Literária durante o mês de outubro. Em Belo Horizonte, a ação aconteceu junto com a Escola de Artes do MST da região sudeste e fortaleceu o Armazém do Campo como espaço da resistência ativa no campo cultural belo-horizontino.
Com apresentações musicais, poesias e recitações, a noite foi marcada pelo encontro entre os parceiros do MST e pela diversidade. Sandra Lane e Vilmar Oliveira ficaram responsáveis pela cantoria, e além das apresentações, a Ação promoveu o lançamento do livro de dois livros: Desenhos da Resistência e Sem Terra em Cartaz.
No lançamento de Desenhos da Resistência, Bruno Fuser dialogou sobre a obra de sua mãe, Marlene Crespo, que forma uma coletânea de ilustrações autorais que recontam sua atuação como militante na luta contra a ditadura militar. Ela é responsável por uma vasta produção em gravuras, desenhos, bordados e outras formas de expressão nas artes plásticas, em defesa da democracia e da emancipação social.
O livro foi organizado entre 2016 e 2017 e publicado em 2018 pela Editora Expressão Popular. “Não tínhamos ainda definida a vitória e a ascensão tão forte da direita no país, a tendência à fascistização em tantos âmbitos da sociedade. Infelizmente, uma obra com esse título hoje é absolutamente atual”, explica Bruno Fuser, filho de Marlene Crespo.
Já o lançamento de Sem Terra em Cartaz, livro com artes gráficas e lemas de décadas da luta pela terra, foi importante para fortalecer a relação entre o campo e a cidade e contar um pouco da história do MST através das imagens publicadas nesse tempo. Propondo uma revolução que transpõe barreiras, Lucinha Pereira e Zé Pinto, do coletivo de cultura do MST de Minas Gerais, inundaram a noite de arte, poesia e beleza ao anunciar o livro que revive a memória histórica da luta pela terra.
Sobre a noite de trocas literárias, Bruno, que além de parceiro do MST é também professor da UFJF, ressaltou lembranças da infância atravessada pela luta. “Ali, na atividade do Armazém do Campo, eu vi aquilo que é e foi a minha vida: mulheres lutadoras, sensíveis, belas no comprometimento com a luta do povo, acompanhadas de seus filhos, alguns no colo, ou brincando, ou dormindo. Eu me vi nas crianças, e minha mãe, nas mães dessas crianças”, conta.
Ele concluiu que a história de militância está em constante movimento. “Daqui a 30 ou 40 anos essas hoje crianças certamente terão orgulho e se lembrarão, como eu, com carinho daquelas jovens mães que estavam ali ontem, dedicando seu tempo e sua vida pelo bem coletivo de todas e todos”, afirmou Bruno.
*Editado por Fernanda Alcântara