Crianças Sem Terrinha se reúnem em defesa de brincar e lutar, no Paraná
Por Lia Bianchini
Do Brasil de Fato Paraná
Estudo, cultura e luta. Esses são os três eixos que sustentam o XIII Encontro Estadual das Crianças Sem Terrinha do Paraná, que acontece em Curitiba, entre os dias 16 e 18 de outubro.
Com o lema “Sem Terrinha em Movimento: direito de lutar, brincar e construir reforma agrária popular”, o encontro reúne cerca de 500 crianças, entre 6 e 12 anos, de assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de diferentes cidades paranaenses.
Segundo Valter de Jesus Leite, integrante do Setor de Educação do MST, o encontro das crianças Sem Terrinha busca ampliar o debate sobre o lugar da criança dentro do Movimento Sem Terra e fortalecer a coletividade e a construção da identidades dessas crianças.
“A identidade Sem Terrinha não é uma construção dos adultos para as crianças. É uma construção com as crianças. Logo, envolve entender essas crianças como um sujeito coletivo no interior do Movimento, que também reivindica seus direitos, se auto-organiza para estudar, para lutar por melhorias na qualidade de vida no campo”, explica.
Complementando a fala de Valter, Jeizi Loici Back, também integrante do Setor de Educação do MST, lembra que o encontro busca fortalecer também a defesa pelo direito que as crianças têm ao lúdico e ao brincar. “Além desse caráter de luta, tem o caráter da defesa da infância, de garantir que as crianças tenham o direito ao lúdico, ao brincar, que elas possam ter uma infância saudável, possam ter acesso à escola, à saúde”, diz.
Na programação do encontro estão atividades como grupo de estudo e debate sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), rodas de contação de histórias, roda de Cacuriá (uma dança folclórica típica do Maranhão), além de mais de 28 oficinas com educadoras e educadores de diferentes áreas do conhecimento, como artes plásticas, literatura e música.
O encontro é voltado especificamente para a formação das crianças Sem Terrinha, no entanto, conforme conta Luciane Olegário, do Setor de Educação do MST, é também um momento de aprendizado para os adultos. “Não deixa de ser um processo de formação para os educadores também, por conta de toda essa dimensão e diversidade do encontro. Tem uma diversidade de regiões de onde as crianças vêm, de temáticas das oficinas. Temos também educadores da cidade que vêm trabalhar temas com as crianças do campo”, explica.
Durante a preparação do encontro, houve uma campanha para arrecadação de livros de literatura, doces e brinquedos, que serão distribuídos para as crianças ao final do encontro.
*Editado por Fernanda Alcântara