Sem Terra ocupam a Câmara dos Vereadores de São Paulo para receber homenagem
Da Página do MST
A força e a mística do povo Sem Terra ocuparam a Câmara dos Vereadores da cidade São Paulo na noite dessa sexta-feira (18), para entrega da Salva de Prata. A homenagem, que foi proposta pelo vereador Jair Tatto (PT) como reconhecimento aos 35 anos de luta do Movimento Sem Terra, é a mais alta honraria oferecida a uma instituição pelo Legislativo Paulistano.
Entre os presentes na sessão solene estavam o proponente da sessão, vereador Jair Tatto (PT), seu irmão, o deputado federal Nilton Tatto (PT-SP), presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, a desembargadora, juíza aposentada e co-fundadora da Associação de Juízes para a Democracia (AJD), Kenarik Boujikian, a vice-presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo (COMUSAN), Vera Vilela, o representante da Via Campesina, Ubiratan Dias, o vereador Eduardo Suplicy, o diretor executivo do Sindicato, Carlos Caramelo, a integrante da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude, Élida Elena e, representando o MST, um dos coordenadores nacionais do Movimento, Gilmar Mauro.
As falas ressaltaram a atuação do MST na defesa da Reforma Agrária, na valorização da função social da terra, na luta por um novo modelo de produção agrícola orgânica e sustentável e pelo direitos dos trabalhadores rurais.
“Considero que poder homenagear o MST seja um feito de muita honra. Sou privilegiado em contribuir com o maior movimento social do nosso país, que com bravura enfrenta os que se dizem mais poderosos e as incertezas da nossa política. Há razões para acreditarmos! E estou grato por isso”, comemorou Jair Tatto.
O parlamentar, autor do Projeto que deu origem ao Decreto Legislativo 43/2019, aprovado em 21 de agosto de 2019, para homenagear os 35 anos do MST, também é o responsável pela PL 17.162, que colocou a Semana da Feira Nacional da Reforma Agrária no Calendário Oficial de Eventos da Cidade.
“Minha intenção com essa homenagem é difundir o MST nessa cidade de 12 milhões de habitantes. Eu quero que as pessoas conheçam o MST, esse movimento que luta, resiste e que melhora a vida das pessoas por onde chega”, concluiu.
Na mesma linha, Vera Vilela, falou da importância desse reconhecimento no atual momento em que vivemos: “É emblemático o MST receber essa homenagem numa cidade que sobreviveria se o campo não plantasse”.
Ela também citou a importância da manutenção de programas como PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que determina que no mínimo 30% da alimentação escolar seja composta por produtos da agricultura familiar.
“Até 2026 toda alimentação oferecida nas escolas da rede pública deverá ser orgânica ou de base agroecológica. E, para que isso de fato
aconteça, a produção do MST é fundamental”, destacou.
Gleisi Hoffmann agradeceu ao Movimento na luta pela democratização da terra ao longo desses 35 anos. “Não podemos conceber uma sociedade justa e igualitária com tanta concentração de riqueza, desigualdade e tanta falta de justiça social. Ao longo de sua história o MST nos ensina sobre cooperação, produção saudável, resistência e solidariedade. Não tem uma luta social que façamos nesse país que o MST não está lá presente com suas bandeiras hasteadas”, destacou.
Em nome da coordenação nacional do MST, Gilmar Mauro agradeceu a iniciativa da Câmara dos Vereadores.
“Vou falar em nome dos milhões que gostariam de estar aqui e dos que não podem porque tiveram suas vidas ceifadas na luta por uma sociedade melhor. O MST sempre topou debater as diferenças políticas e ideológicas dentro do espirito democrático, por isso, agradecemos a honraria concedida aqui hoje. Essa homenagem não é só do Movimento Sem Terra e deve ser estendida à cada organização da Via Campesina, cada quilombola, cada índio que ainda resiste, cada mulher, quebradeira de coco, cada pequeno e pequena agricultora e, sobretudo, à cada um daquelas e daquelas que antes de nós lutaram. Com eles aprendemos e suas memórias levaremos conosco. A vocês, queremos afirmar que enquanto existir um Sem terra nesse país, o MST continuará ocupando latifúndio”, afirmou.
Gilmar também falou sobre o companheirismo, um dos principais pilares, do MST. “Se somos umas das organizações mais longevas do país é pela razão de que encontramos na militância brasileira e internacional uma das coisas mais bonitas que é a solidariedade. Não fosse a solidariedade de classe o MST não existiria, por isso, essa honraria não é só nossa, mas de todas e todos que defendem a luta por justiça social nesse país, finalizou.
Condecorações
O Armazém do Campo-SP, loja de produtos da Reforma Agrária do MST e a Editora e Livraria Expressão Popular, também receberam homenagens da Câmara durante a sessão solene.
Em paralelo à solenidade foram expostos produtos produzidos em assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária, uma exposição de cartazes históricos da luta pela terra e um breve seminário sobre diferentes formas e olhares da produção de alimentos.