Comunidade do MST em Antonina receberá Festa da Reforma Agrária com fandango caiçara
Por Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR
Da Página do MST
Em Antonina, litoral do Paraná, uma festa irá reunir as culturas camponesa e caiçara em um território que mescla essas duas expressões. O local será a comunidade José Lutzeberger, acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) imerso na Mata Atlântica, criado há 15 anos. A “Festa da Reforma Agrária: celebrando a cultura caiçara e camponesa” será ao longo de todo o dia 30 de novembro.
A programação tem presença confirmada do grupo Mandicuera, conhecido no estado pelos bailes de fandango e pela valorização, preservação e desenvolvimento das manifestações culturais dos povos do litoral paranaense. O grupo faz parte da Associação de Cultura Popular Mandicuera da Ilha de Valadares, que realiza a festa junto ao MST e à Associação Filhos da Terra, que reúne famílias da comunidade.
A cultura popular também vai se expressar nos “puxirões” que serão realizados para a organização da festa e para o plantio de árvores. O termo é utilizado por camponeses, caiçaras e povos tradicionais, e tem o mesmo significado de “mutirão”. Haverá um ato inter-religioso com presença de representantes de diferentes crenças, além de um ato político que reunirá integrantes do Poderes Públicos locais e estaduais.
Uma feira vai reunir a produção das famílias da comunidade e de outros acampamentos e assentamentos do MST do estado. Estarão à venda produtos in natura, processados e artesanatos. A contribuição de R$ 20 por pessoa dará direito a almoço e jantar. A comunidade vai disponibilizar área para camping.
Resistência camponesa e caiçara
O acampamento José Lutzenberger é formado por cerca de 30 famílias e está localizado em parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, no litoral norte do estado. Antes de ser ocupado pela comunidade, o território era devastado pela pecuária extensiva de búfalo e por crimes ambientais, como o desvio do leito do Rio Pequeno, que atravessa a área.
Desde a ocupação do território, os camponeses iniciaram um trabalho de recuperação do bioma da Mata Atlântica, aliado à produção de alimentos a partir da agroecológica e da agroflorestal – sem utilização de agrotóxicos e com relações humanas e ambientais justas, com integração da produção de alimento com a mata nativa.
A experiência agroflorestal da comunidade foi registrada no documentário Agrofloresta é mais, lançado em 2018, com co-produção entre a Fiocruz, a Universidades Federais do Rio de Janeiro e do Paraná, do Ministério Público do Trabalho do Paraná e da Associação Paranaense das Vítimas Expostas ao Amianto e aos Agrotóxicos (APREAA).
O reconhecimento público pelo reflorestamento do bioma veio em 2017, quando a comunidade venceu o prêmio “Juliana Santilli”. A premiação revela o papel das comunidades locais na preservação da Mata Atlântica. O Paraná é o estado com maior faixa contínua desse bioma no Brasil, no entanto, entre 2017 e 2018 o desmatamento cresceu 25% em áreas paranaenses. O percentual coloca o estado em terceiro lugar no ranking dos que mais desmatam, segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica.
Confira a programação completa:
7h – Início da acolhida dos convidados
8h – Puxirão
9h – Ato inter-religioso
10h – Ato político
11h – Plantio de árvores em “Puxirão”
13h – Almoço
16h – Atividade Cultural
19h – Janta
20h30 – Baile de Fandango com o grupo Mandicuera
*Editado por Fernanda Alcântara