Farinha do MST é primeiro produto a receber o selo “Gosto do Maranhão”
Por Mariana Castro
Tão cultural quanto o bum meu boi e o cuxá, é a farinha de mandioca no prato dos maranhenses. A cadeia produtiva da mandioca é uma das maiores fontes de sustentação da agricultura familiar maranhense, inclusive, recentemente fortalecida com a criação da cerveja Magnífica. Nesta sexta (6), por iniciativa do Governo do Estado do Maranhão, foi apresentado o primeiro produto a receber o selo “Gosto do Maranhão”, que tem a finalidade de fortalecer as identidades sociais e produtivas dos vários segmentos da agricultura familiar no estado.
O lançamento aconteceu no Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis, espaço político-cultural do MST, localizado na capital São Luís. Contou com a presença dos órgãos que compõem o Sistema de Agricultura Familiar (Agerp, Iterma e SAF), a Secretaria de Direitos Humanos, associações, cooperativas e movimentos sociais.
A farinha que recebe o selo “Gosto do Maranhão” é produzida no assentamento Cristina Alves, em Itapecuru-Mirim. Para os produtores, o selo representa uma conquista de quase vinte anos de luta pelo direito à terra e produção. “Nossa caminhada teve início em 2000, quando começamos o processo de luta pela terra. Foram cerca de seis anos acampados para poder chegar aonde chegamos. Em 2012 já tínhamos uma produção de mandioca capaz de suprir as nossas famílias e ter excedente, então pensamos: precisamos pensar formas de comercializar o nosso produto”, explica Francisco Cruz, presidente da Cooperativa Mista das Áreas de Reforma Agrária do Vale do Itapecuru (Coopevi).
No assentamento, residem hoje cerca 110 famílias, todas direta ou indiretamente envolvidas no processo de produção da farinha, uma vez que todas têm plantações de mandioca. Atuando na cooperativa, são 60 famílias, número que, com a criação do selo, deve ser alavancado, em razão do aumento da escala de produção e comercialização.
“O lançamento do selo é muito importante, pois aprendemos muito durante o nosso percurso. Quando entramos no mercado, precisamos produzir diferenciado, o consumidor é que diz o que quer consumir. E agora, com o selo, a responsabilidade é ainda maior. Isso é bom para nós, que vamos nos qualificar cada vez mais e agregar valor à nossa produção”, comemora Francisco.
Um dos lemas do MST, é a alimentação sustentável enquanto bandeira de luta revolucionária. Por isso, durante o lançamento, Elias Araújo, um dos dirigentes estaduais do movimento destaca que “quem não tem o direito de produzir seu alimento, é um povo escravizado e comemora a conquista do selo. “O selo anuncia que este é um produto sustentável, feito em um território onde debatemos a participação social, combatemos o trabalho escravo e infantil, e também é um selo que apresenta a disputa pela terra e soberania alimentar”.
Logo em seu lançamento, é oferecida uma grande variedade, para todos os gostos: Farinha d’água, popularmente conhecida como Farinha de puba, que é dividida pelas categorias grossa, média e fina, Farinha seca, nas categorias amarela (com corantes) e creme (sem corantes) e mandioca, Farinha com coco e Farofa com Toscana.
“A comercialização tem sido um elemento importante no estímulo e garantia de produção nos nossos assentamentos ao redor do país. E este selo, nos identifica enquanto sujeitos dedicados à produção responsável e sustentável, além de facilitar o acesso de todo o país à nossa farinha”, explica Letícia Viana, coordenadora do Armazém do Campo, espaço de escoação dos produtos do MST. A farinha com o selo “Gosto do Maranhão” já pode ser adquirida no Armazém do Campo, unidade Maranhão, localizado no espaço do Solar Cultural da Terra, à Rua Rio Branco, nº 420, Centro, São Luís (MA).