Encontro das Amigas e dos Amigos do MST aponta lutas unitárias do próximo período
Por Geanine Hackbart
O Encontro de Amigas e Amigos do MST, organizado durante a reunião da Coordenação Nacional do Movimento, aconteceu nesta quinta-feira (23), em Sarzedo (MG). A plenária contou com cerca de 400 convidados, além da militância que participa da reunião.
Durante seu discurso, Lula alertou que “se demonstrarmos medo, vamos ser dizimados”. Ele fez críticas ao sistema econômico em crise, reafirmando que o autoritarismo sempre é necessário ao capital, quando ele quer aprofundar a apropriação das riquezas dos países.
Segundo o ex-presidente, Bolsonaro “é o que poderia estar acontecendo de pior para o nosso país, para o povo brasileiro”. Por outro lado, o atual governo “é o que está acontecendo de melhor para os capitalistas. Na lógica dessa gente, pobre tem que ser pobre para sempre”, enfatizou.
Ele agradeceu à militância do MST pela solidariedade demonstrada na Vigília Lula Livre, em Curitiba (PR), durante os 580 dias que permaneceu preso. E destacou a luta das famílias Sem Terra, não somente na ocupação de terras improdutivas, mas na produção de alimentos saudáveis e preservação da biodiversidade. “O MST é uma das coisas mais primorosas da história desse país. Não permitam perder o que vocês conquistaram”, afirmou.
O teólogo Leonardo Boff também celebrou os 36 anos que o movimento completou nesta semana, no dia 21. “Tenho acompanhado o MST desde o seu nascedouro e eu creio que vocês são os guardiões de um sonho novo e os construtores da utopia de um mundo novo”.
O combate aos crimes da mineração e a reconquista da soberania sobre os bens naturais brasileiros permeou as falas da noite. “A questão de Brumadinho foi muito séria. 272 pessoas morreram. A soberania nacional é a principal bandeira da gente contra o governo do Bolsonaro e do Paulo Guedes. Estamos defendendo o projeto de reestatização da Vale”, assinalou o Deputado Federal Rogério Corrêa (PT-MG).
Deyvid Bacelar, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), anunciou que está sendo articulada uma grande greve em defesa da Petrobrás e pelos direitos dos trabalhadores petroleiros. Já o vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, reforçou a projeção de greve geral em defesa dos direitos que estão sendo destruídos pelo governo Bolsonaro. “Democracia não é só votar, democracia é ter direitos adquiridos na sociedade”, lembrou.
A vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante do Levante Popular da Juventude, Élida Helena, destacou que as lutas pela educação irão continuar neste ano e se intensificar. “É bem verdade que a conjuntura está difícil, mas está em curso um processo importante de resistência e de lutas protagonizadas pela juventude brasileira. A educação é uma bandeira estratégica e não vão tirar da juventude a capacidade de lutar e de sonhar”.
Roberto Baggio, dirigente nacional do MST, ressaltou o compromisso do Movimente em unir campo em cidade num processo de acúmulo de forças para a construção do Projeto Popular. “Nosso movimento vai se misturar com o povo brasileiro, com o conjunto de movimentos no mundo urbano, para que possamos recuperar o trabalho de base. A nossa essência é organizar o povo para que milhões de brasileiros se coloquem em luta”, projetou o dirigente.
Ele destacou que este trabalho de base deve ser guiado pela estratégia do socialismo, em busca de superar a crise e o próprio sistema que a gera. “Nós precisamos fazer um grande debate com a sociedade, que supere a dinâmica do capitalismo. O que significa uma sociedade socialista, igualitária, enquanto uma nova perspectiva de vida para o povo trabalhador”, aponta Baggio.
*Editado por Yuri Simeon