Curso promove formação política e social na região amazônica

O Curso de Realidade Brasileira torna acessível o estudo das dimensões políticas, sociais e econômicas do país
‘Curso Realidade Brasileira’ é um projeto de formação política nacional desenvolvido por organizações populares do campo e da cidade (Fotos: MST/MA)

Por Mariana Castro
Da Página do MST

Entre camponeses, estudantes, professoras, lideranças comunitárias e de partidos políticos: há em comum o desejo de compreender a realidade em que estamos inseridos.

O ‘Curso Realidade Brasileira’ é um projeto de formação política nacional desenvolvido e autossustentado por organizações populares do campo e da cidade, em parceria com as universidades. A primeira turma do curso foi formada em 2011 e reuniu grupos sociais, lideranças comunitárias e movimentos sociais de todo o Brasil, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).   

Em Imperatriz (MA), a primeira turma teve início em 2019, com encontros mensais e reúne 75 inscritos, mas com a possibilidade de alunos ouvintes em módulos considerados abertos ao público. Ao todo, serão onze módulos de estudo, com a mediação de formadores e formadoras comprometidas com a pedagogia de Paulo Freire e a educação popular. 


Envolvendo os municípios de Imperatriz, Açailândia, Cidelândia, Senador Laroque e estudantes do Tocantins, Divina Lopes, que compõe o coletivo nacional de Formação  do MST explica que a proposta do curso “é ampliar os espaços de formação política, fortalecer o campo popular e construir unidade na luta”.

Eunice da Conceição Costa, quebradeira de coco que integra o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins (MIQCB), comemora o aprendizado que tem vivenciado no curso. “O curso enriquece as nossas entidades e para mim, é muito importante! Tenho aprendido muitas coisas novas que não tinha entendimento. Os professores são muito capacitados e fazem tudo de uma forma que a gente consegue compreender o que acontece à nossa volta, seja professor, quilombola, quebradeira de coco. Agradeço muito por ter essa oportunidade e as pessoas que estão nas nossas bases, nas comunidades, precisam participar também”, convida a ela.

Entre os vários diferenciais do curso, se destacam a auto-organização e o fato de agregar pessoas de vários níveis de escolaridade, podendo haver inclusive pessoas não alfabetizadas ou semi-alfabetizadas, que passam a ter acesso ao debate por outros meios além da leitura, ou pela leitura coletiva. Aspectos como esses transformam o curso em uma verdadeira escola itinerante de formação que resgata os valores, a identidade e a autoestima do povo brasileiro.

Conforme Divina Lopes, o objetivo dos cursos “é ampliar os espaços de formação política, fortalecer o campo popular e construir unidade na luta”.

“O fato de reunir pessoas do campo e da cidade, com vivências e escolaridades diferentes cria espaço para uma enorme troca de experiências, enriquecendo muito mais os debates e a compreensão de elementos distintos da realidade brasileira”, explica Janaina Rezende, professora da Universidade Federal do Tocantins (UFT), que além de facilitadora de um dos módulos, é uma das alunas do curso.

Até o mês de fevereiro, já foram estudados os
módulos: ‘Educação Popular e Trabalho de Base’, ‘Raça, Classe e Patriarcado’, ‘Questão Amazônica’ e ‘Como funciona a sociedade?’. As formações acontecem no auditório do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Imperatriz. O próximo módulo está previsto para ocorrer durante entre os dias 20 e 22 de março.


*Editado por Solange Engelmann