No PR, MST se soma à petroleiros em mobilização contra fechamento da Fafen

A mobilização é em repúdio ao desmonte do sistema Petrobrás, em especial pelo fechamento da Fafen

A fábrica, que atua no ramo de fertilizantes pertence à Petrobrás. Cerca de mil trabalhadores correm o risco de ser demitidos

Foto: Gibran Mendes / CUT Paraná

Texto: Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR 

“Defender a Petrobrás é defender o Brasil. Tem Sem Terra petroleiro e também tem petroquímico. Defender a Fafen, que é do povo Brasileiro!”.

Com o ritmo da batucada, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná somaram-se às centenas de petroleiros/as, petroquímicos/as e integrantes de outros movimentos e organizações em um ato na sexta-feira (14), nas proximidades da Refinaria Presidente Vargas (Repar) e da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen), em Araucária – as duas empresas pertencem à Petrobrás. 

Foto: Gibran Mendes / CUT Paraná

A mobilização é em repúdio ao desmonte do sistema Petrobrás, em especial pelo fechamento da Fafen, que resultará na demissão de mais de mil trabalhadores diretos e terceirizados, e cerca de 4 mil indiretos. O fim da fábrica, após 41 anos de operação, faz parte da decisão da Petrobrás de sair do setor de fertilizantes. 

A ação integrou a greve nacional dos funcionários da estatal, que nesta segunda-feira (17) completa 17 dias. Os funcionários da Fafen estão há 28 dias em vigília na entrada da fábrica, como forma de pressionar contra o fechamento da empresa, anunciado no dia 14 de janeiro. Reginaldo Lopes, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Petroquímicos do Paraná (Sindiquímica) e funcionário da Fafen há 18 anos, frisa que a empresa brasileira é a maior produtora de ureia, de arla (uma solução de ureia de alta qualidade e pureza), amônia e ureia pecuária, utilizada como alimento para gado em período de estiagem. 

Foto: Gibran Mendes / CUT Paraná

“Estamos com diversos movimentos sociais, inclusive a juventude do MST está aqui fazendo uma batucada alegrando nossos companheiros, porque hoje, infelizmente, a Petrobrás anunciou início da demissão dos mais de mil trabalhadores da empresa”, disse Lopes, se referindo ao envio de carta de demissão para 144 trabalhadores qualificados na área de produção de fertilizantes. De acordo com o documento, os trabalhadores deveriam ir a hotéis de Araucária na sexta-feira (14), para entregar pertences da empresa, por exemplo, celulares. 

Os integrantes do MST que estiveram no ato são acampados e assentados em várias regiões do estado, e fazem parte da turma do curso de Formação Política do Carnaval, realizado ao longo do mês de fevereiro, em Curitiba. Para Célio Schimidt, dirigente do Coletivo de Juventude do MST-PR, é preciso uma mobilização ampla, de todos os setores da sociedade em defesa da Petrobras, pois o que está em jogo é a soberania nacional: “Queremos uma empresa nacional que destine o fruto da sua riqueza para as necessidades do povo, da saúde, educação, saneamento, infraestrutura. Que não seja mais uma empresa privatizada pro exterior, pra fortalecer uns poucos núcleos econômicos do mundo, mas que sirva realmente para fins nacionais e do povo”. 

Foto: Gibran Mendes / CUT Paraná

Consequências

A Fafen produz fertilizantes nitrogenados e suplementos de agricultura e pecuária como amônia e ureia. Por isso, o fechamento das portas prejudicará agricultores e pecuaristas de todo o Brasil, que precisaram importar os produtos num cenário de dólar alto.

Fabiano José Pinto, técnico de operação, funcionário da Fafen há 23 anos, ressalta o prejuízo ao município e à economia no geral. “Recebemos a triste notícia sobre o fechamento da unidade. Vai trazer prejuízo para a unidade e para o município. É incalculável o prejuízo financeiro e psicológico”, lamenta.

“São mil funcionários que dependem da empresa em operação, os filhos estão sofrendo, estamos unidos em prol de reverter a situação”, afirmou Marcia Pszpiura, esposa de Fabiano, presente no ato com a filha mais nova do casal.