Vigília em defesa de acampamentos do MST completa dois meses, no Paraná

A mobilização permanente resultou na suspensão da reintegração de posse por 90 dias
Diariamente a Vigília ocupa às margens da BR 277, no Km 557, entre às 10h e às 15h
(Foto: Coletivo de Comunicação da Vigília)  

Por Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR
Da Página do MST

Dois meses de mobilização diária em Cascavel, no oeste do Paraná, completa nesta sexta-feira (28), a Vigília Resistência Camponesa: por Terra, Vida e Dignidade, organizada pelas famílias Sem Terra da região.

As trabalhadoras e trabalhadores iniciaram a luta permanente em dezembro do anos passado, em meio ao clima de festas de Natal e Ano Novo. O motivo era mais do que urgente: defender suas casas, roças, igrejas e o território comunitário construídos ao longo de 20 anos nos acampamentos Resistência Camponesa, 1º de Agosto e Dorcelina Folador. 

A mobilização permanente resultou na suspensão da reintegração de posse por 90 dias, a partir do início de fevereiro. A decisão partiu do juiz o juiz Nathan Kirchner Herbst, após uma manifestação da Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). 

Além de conquistar a suspensão do despejo, um dos coordenadores da Vigília e morador da comunidade Resistência Camponesa, Adair Gonçalves, ressalta a importância do aprendizado permanente e o envolvimento das famílias. 

“Estamos conseguindo manter uma média de 30 a 40 pessoas todos os dias na Vigília. É muita coisa para uma ação que acontece todos os dias, há dois meses. Os finais de semana têm ainda mais pessoas, vindas de assentamentos e da cidade. Durante o carnaval a participação foi massiva”, avalia.

Diariamente a Vigília ocupa às margens da BR 277, no Km 557, entre às 10h e às 15h. 

Em defesa das famílias acampadas no Paraná 

(Foto: Victor Hugo Junior)

No último mês, a Vigília tem ampliado seu objetivo: para além de reivindicar a permanência das famílias acampadas em Cascavel, passa a divulgar e cobrar o direito à terra e à moradia às mais de 7 mil famílias acampadas em cerca de 80 ocupações rurais no estado. 

“Queremos que todas as famílias acampadas no Paraná tenham a garantia de permanecer trabalhando e vivendo onde estão, e que o Estado invista nessas comunidade para criar os assentamentos. Essa é a política pública que vai ajudar a desenvolver o estado, por ser mais humana com as famílias Sem Terra e trazer resultado positivo à toda sociedade”, afirma Adair Gonçalves. 

Caravanas de agricultores do MST vindos da região Norte e Sudoeste do Paraná passaram, cada uma, cerca de dez dias na Vigília. A intensão era conhecer, contribuir e prestar solidariedade às famílias em luta. Novas visitas de assentados e acampados em outras regiões do estado devem ocorrer nos próximos meses. 

Visitas e apoios

Após dois meses de mobilização diária, perseverante e baseada na organização do trabalho coletivo. As visitas e manifestações de apoio também chegam todos os dias, de todos os cantos do Paraná e de outros estados brasileiros. 

Os deputados estaduais Luciana Rafagnin e Professor Lemos, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT), já estiveram no local em solidariedade às famílias. Pastores, padres e religiosos de diferentes crenças também têm sido presença constante na Vigília, especialmente com celebrações aos domingos. Entidades, sindicatos, movimentos sociais e coletivos participam da mobilização. 

Exposição de fotos e visitas

Por meio do protocolo do vereador de Cascavel, Paulo Porto (PCdoB), a Câmara Municipal aprovou o Voto de Louvor à Vigília. A homenagem será entregue às famílias ainda no mês de março.  

No próximo dia 6 de março, os deputadas federais pelo Paraná, Gleisi Hoffmann e Enio Verri, ambos do PT, também visitam a Vigília. 

Na data está prevista a abertura da “Expofotos Vigília Resistência Camponesa”, que reúne imagens das comunidades ameaçadas e do dia a dia da mobilização. A iniciativa é do fotógrafo Júlio César, que registra a luta das famílias desde o início da Vigília.

A exposição acontece das 14h às 20h30, no Sindicato dos Professores das Redes Públicas Estadual e Municipais do Paraná (APP Sindicato), Rua Francisco Bartinik, n° 2017, em Cascavel. No local também haverá uma Feira de alimentos produzidos pelas três comunidades ameaçadas de despejo.

Confira o perfil do Facebook da Vigília: https://www.facebook.com/resistenciacamponesaoestepr/

*Edição: Solange Engelmann