Força das mulheres na produção de alimentos saudáveis se expressa em mostra de produtos
Por Juliana Barbosa
Da Página do MST
Alimentos, artesanatos, doces, tinturas feitas a partir de ervas medicinais, cosméticos naturais, conservas, licores, calçados e roupas de confecção própria. Tudo fruto da luta pela terra e com participação ativa das mulheres. Esta foi a marca da Mostra de Produtos da Reforma Agrária do I Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra, que se encerrou nesta segunda-feira (9), em Brasília.
A exposição foi voltada para as próprias participantes do encontro e reuniu a diversidade de produção de acampamentos e assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de todas as regiões do Brasil.
O objetivo foi apresentar a resistência das mulheres camponesas a partir da produção de alimentos, além de reafirmar o compromisso com a produção de alimentos saudáveis, conforme explicou Esther Hoffman, integrante da direção do MST em Minas Gerais e uma das organizadoras da mostra.
“Nossa mostra está representando o que é a cultura camponesa e o que é a cultura das mulheres do campo. Representa a defesa de nossos territórios e a relação que temos com os bens comuns, com a água, a terra e as florestas”, explica.
Confira alguns produtos e experiências
Poliana Pellenz mora em uma agrovila do MST em Paranacity, no Paraná. Lá a produção é 100% agroecológica, beneficiada e comercializada por meio da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi), que tem 26 anos. Poliana esta na mostra representando o coletivo de mulheres e as famílias que lá moram e trabalham com produtos orgânicos como melado, açúcar e cachaça.
“Eu nasci nessa cooperativa e lá somos uma grande família, temos uma boa vivência. Não consigo me ver longe dela. Há muito respeito entre companheiros e companheiras e as tarefas são divididas igualmente. Nos espaços em que os homens estão, as mulheres também estão, seja produzindo ou na direção”.
Já Mahara Silva representou as camponesas produtoras de 3 assentamentos e 11 acampamentos da região Sul de Minas Gerais, organizadas por meio da Cooperativa Camponesa. Entre os alimentos produzidos está o Café Guaí, que atende à 70% da demanda de café dos municípios de Campo do Meio e Guapé, em Minas Gerais, desde 2012.
O I Encontro das Mulheres Sem Terra reuniu mulheres de várias idades, com forte presença da juventude. Raine Ferreira era uma delas, vinda do assentamento Palmares, em Luzilândia (PI), representando o coletivo da juventude. “Nós nos organizamos enquanto coletivo para produção de artesanatos para nossa auto sustentação. Além do artesanato, trouxemos mel, doce de leite, geleia de uva produzidos principalmente pelas mulheres, nos assentamentos e acampamentos”.
A maranhense Katia Gomes de Souza, moradora do assentamento Cristina Alves, no município de Itapecuru-Mirim, expôs farinha de mandioca, mel e biscoito de mesocarpo, produzidos por camponeses e camponesas da Cooperativa Mista das Áreas de Reforma Agrária do Vale do Itapecuru (Copevi).
A banca também comercializou óleo de babaçu, tintura de amora e outros produtos orgânicos produzidos por coletivos de mulheres da região. Esses coletivos também organizam formações com as crianças e jovens dos assentamentos para fazerem produção agroecológicas. Além de produzir os alimentos, as mulheres comercializam em feiras, armazéns, escolas e cooperativas.
*Editado por Yuri Simeon