Em Salto da Divisa, movimentos se unem contra violação de direitos
Do Setor de Comunicação MG
Da Página do MST
No último sábado, 14, movimentos populares, sindicais a Diocese de Almenara organizaram a Romaria das Águas e da Terra, em Salto da Divisa, Minas Gerais. A atividade teve como principal objetivo denunciar a violência sistemática contra os direitos da população na região, a partir da construção da Usina Hidrelétrica de Itapebi em 1999, cujos impactos até hoje assolam a região.
De acordo Eni Gomes, da direção regional do Vale do Jequitinhonha, há muito tempo que o Salto da Divisa sofre com as consequência da construção da Usina Itapebi no Rio Jequitinhonha, que fica na divisa dos estados da Bahia e de Minas Gerais.
“São mais de 20 anos de violação de direitos da população atingida. O Salto está sendo engolido. Ali o povo vivia da pesca, tinhas as lavadeiras e os pedreiros. Hoje ninguém constrói mais casa, as lavadeiras não conseguem mais lavar, criou-se uma grande represa morta sem peixes. E uma situação que está matando a vida da cidade”, salienta.
A construção da UHE Itapebi foi iniciada em 1999 pela Neoenergia e entrou em operação fevereiro de 2003. Desde o início da obra, a população local vem sendo atingida com a perda da terra e da fonte de trabalho para alguns seguimentes, tais como lavadeiras, pescadores, pedreiros, extratores, garimpeiros.
A empresa Neoenergia não cumpriu as condicionantes e deixou centenas de famílias desamparadas. Muitas não foram indenizadas e tiveram seu modo de vida e atividades econômicas interrompidas. A luta na região é constante pela abertura de negociação com a empresa e o Ibama. Diariamente a população convive com esgoto a céu aberto e danos nas moradias, como rachaduras e trincas. Sem sequer conseguir um diálogoos órgãos responsáveis para que cumpram os fatores determinantes que envolvem o direito da população atingida.
Nesse contexto, ainda se junta ao descaso social e político, o descaso ambiental. Além do Rio Jequitinhonha, o Rio Piabanha também corta a cidade é onde tem nascentes que podem abastecer o município. Porém, a população denuncia que no local foi criado um Parque, cujo projeto foi recentemente revogado e a área privatizada para exploração comercial, e as famílias que viviam ali há 70 anos expulsas.
“Vamos continuar lutando pela vida das comunidades locais, que há muitos anos sofrem com os impactos desse projeto na região”, afirma Eni.