Pistoleiros atacam acampamento do MST na Chapada Diamantina
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
Na madrugada desta quinta-feira (26), cinco pistoleiros armados atacaram o acampamento Márcio Matos, no município de Cafarnaum, na Chapada Diamantina, Bahia.
O acampamento que foi reocupado há cerca de um mês por 60 famílias foi atacado por homens liderados pelo Secretário de Agricultura da cidade de Cafarnaum, Francisco Elizete G. Cândido, conhecido como Chico.
As famílias foram surpreendidas no meio da noite, as ameaças se concentraram principalmente nas famílias dos acampados Oziel
Ferreira da Silva e Hércules Rosa Brotas.
Após o ocorrido, temendo por suas vidas, as famílias saíram do local na manhã desta sexta-feira (27).
Histórico da Fazenda
No ano de 2011, a Fazenda Queimadas foi embargada por cultivo ilegal e de maconha. Foram apreendidos e incinerados mais de 10 mil pés de maconha em três fazendas próximas. Cerca de 20 pessoas trabalhavam no plantio e na colheita.
Conforme garante o artigo 243 da Constituição Federal, as propriedades rurais e urbanas de qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à Reforma Agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Pouco tempo após a área ter sido embargada pela polícia, famílias ligadas ao MST ocuparam o local que estando em posse do governo poderia ser destinada à Reforma Agrária.
Os agricultores permaneceram na área até uma reintegração de posse que ocorreu seis anos após a ocupação. Passados três anos do despejo, no dia 27 de Fevereiro, 60 famílias Sem Terras reocuparam a fazenda.
Para Abraão Brito, articulador político do MST na Chapada Diamantina, os ataques que o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra vem sofrendo, partem do discurso de ódio que é disseminado pelo governo desse país e que fortalece o ódio de classe dos políticos locais.
“Agora é a hora de cuidar, de zelar pelos nossos acampados os guiando e ensinando a se proteger desse vírus que começa assolar o país. Esse deveria ser o papel que o senhor Secretário de Agricultura deveria assumir neste momento. Espalhar o medo e o terror em um cenário já abalado por preocupações e incertezas é no mínimo desumano, complementa Brito.
O MST repudia o ato de violência sofrido pelos acampados e acampadas e reforça que a luta por Reforma Agrária Popular tem como foco a dignidade, a respeito e a segurança, por isso, resistiremos denunciando a cada ataque em busca de um futuro melhor para todos.