No Rio de Janeiro, movimentos populares criam campanha para ajudar comunidades em meio à pandemia
Por Campo Popular do RJ
Da Página do MST
Em razão da crise propiciada pela pandemia do Coronavírus e a falta de ações do poder público, movimentos populares em parceria com diversas organizações estão construindo uma campanha de solidariedade que vai levar ajuda e esperança a dezenas de família em comunidades do Rio de Janeiro, a campanha de solidariedade “Nós por Nós contra o coronavírus”. O projeto vai arrecadar itens da cesta básica e de higiene pessoal e montar uma estrutura para higienizar todas essas doações para entregar às famílias.
Os movimentos do que é conhecido como Campo Popular, que tem entre eles o Levante Popular da Juventude, o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos Por Barragem (MAB), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento dos Trabalhadores por Direito (MTD) e a Consulta Popular se inspiraram nos exemplos de solidariedade que povo brasileiro protagoniza, tendo em vista o crescente desemprego associado o aumento da informalidade marcam os últimos anos da classe trabalhadora no Brasil vulnerabilizando-a gravemente, em especial no Rio de Janeiro, um dos estados mais atingidos pela crise econômica que o Brasil enfrenta.
“A campanha surge de inúmeros debates que o campo popular vem travando nacionalmente sobre a necessidade de uma política de solidariedade num momento de aprofundamento da crise econômica e da piora da condição de vida do povo brasileiro”, explica Breno Rodrigues, do Levante Popular da Juventude. “O povo está passando por uma série de problemas em seu cotidiano. Estamos verificando o crescimento da fome, da desigualdade e da miséria, mas também identificamos que a solidariedade é um elemento que sempre esteve presente na vida povo brasileiro em toda a nossa história”, acrescentou.
Com a perda de direitos trabalhistas, a chegada do Covid-19 e a consequente necessidade de isolamento social, a população mais pobre se defronta cada vez mais com a fome e com a dificuldade de manter condições básicas de higiene, em especial nas favelas. Foi assim que, em cooperação da Agenda Jovem da Fiocruz e a ASFOCS, além de organizações de favela, como a Associação de Moradores em Movimento do Cerro Corá e o Museu da Maré, sindicatos, a campanha foi criada.
Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Data Favela um a cada três moradores de favela no Brasil terá dificuldade para comprar alimentos em função da quarentena contra a pandemia do novo coronavírus. Para tentar contribuir nesse cenário de crise, a estratégia da campanha é impulsionar doações e distribuir para a população de baixa renda que mora nas favelas. A ideia é estimular os jovens a se colocarem como ponte para quem precisa de ajuda e, de forma segura, fazer a distribuição nas comunidades. Preferencialmente os seguintes itens podem ser doados: arroz, feijão, óleo, sal, açúcar, café, macarrão, produtos de higiene e limpeza, fubá, farinha de trigo e biscoito.
O objetivo é combater a fome, fornecer produtos de limpeza básicos e ajudar a população no combate à Covid-19. Ao mesmo tempo que cria meios de que a parcela da população em isolamento social tenha formas de ajudar sem sair de casa. A campanha vai funcionar com “caixas da solidariedade” que podem ser criadas por qualquer pessoa que queira se engajar no projeto. Essas caixas deverão ser cadastradas em um formulário online (clique aqui). Após esta etapa, equipes que fazem parte da iniciativa vão combinar a retirada das doações seguindo os protocolos de saúde. Depois disso, o material será processado e haverá a montagem dos kits. Todos os insumos passarão por um processo de limpeza e empacotamento individuais e os mantimentos serão entregues evitando aglomerações. O projeto também contou com a orientação de médicos para construir protocolos de biossegurança para garantir a saúde de todos os envolvidos.
A ação começou há uma semana e a primeira entrega, nesta semana, serão para famílias do Cerro Corá, Manguinhos e Vitto Gianotti. A Campanha vai continuar até o final da crise e também arrecada contribuições por meio de depósito bancário online em conta do Banco do Brasil (agência: 2.972-6/conta corrente: 38.834-3) em nome de Allanis Dimitria de O. e S. Pedrosa e também por Picpay do @levante.rj.
Plataforma Emergencial para o Enfrentamento da Pandemia do Coronavírus e da crise Brasileira
Os movimentos e diversas organizações reunidas pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo denunciam e propõem soluções ao governo federal através do Plano Emergencial organizado, reivindicam fortalecer o SUS em todos os níveis, “garantindo o orçamento necessário para seu pleno funcionamento e para o combate, acolhimento e tratamento das pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. Em 2016, o orçamento da saúde representava 4,36% do gasto público. Em 2020 esse percentual caiu para 2,97%.”
Leia a plataforma emergencial para o enfrentamento da pandemia do coronavírus e da crise brasileira aqui.
*Com informações do Brasil de Fato
*Editado Por Maura Silva