Conheça a questão indígena no Brasil com 13 produções audiovisuais
Por Marla Galdino e Barbara Vida
Da Página do MST
Documentário, animação, ficção, canal no youtube, entre outros. O audiovisual tem se tornado mais uma entre as diversas formas de expressão escolhidas pelo povo da mata para abordar sua cultura e sua história. Nesta lista, foram selecionados treze produções realizadas por indígenas, para indígenas e para qualquer um que queira conhecer mais a ancestralidade e as raízes do Brasil. Bom filme!
1 – Pisa Ligeiro
Pisa Ligeiro apresenta um painel da variedade de bandeiras e estratégias de luta que orientaram o movimento indígena brasileiro após a constituição de 1988. O título se refere à canção que o povo Xucuru-Kariri cantava em Pernambuco durante uma manifestação: “Pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro”.
2 – Konãgxeka: o Dilúvio Maxakali
Konãgxeka, na língua indígena maxakali, quer dizer “água grande”. O filme retrata a versão indígena do conto bíblico sobre o grande dilúvio. Para os indígenas, os espíritos yãmîy enviam a “grande água” como um castigo pelo egoísmo e ganância dos homens.
Um dos diretores é representante do povo Maxakali, de Minas Gerais e o filme inteiro é falado na língua nativa. As ilustrações para o filme foram feitas por indígenas Maxakali, durante oficina realizada na Aldeia Verde Maxakali, no município de Ladainha, Minas Gerais.
3 – A festa dos Encantados
É uma animação que se baseia-se na narrativa contada pelo tamuiz Vicente, sábio guajajara. O filme faz parte do projeto “Coisa de Índio”, realizado na Terra Indígena Araribóia, Maranhão, com jovens cineastas do povo Guajajara em setembro de 2015. Hoje, eles integram o Mídia Índia.
4 – Ka’a zar ukyze wà – Os donos da floresta em perigo
A Terra Indígena Araribóia, Maranhão, é uma das mais ameaçadas da Amazônia. É o território do povo Guajajara e também de um grupo de índios isolados, os Awá Guajá. O filme é um alerta e pedido de socorro dos Guajajara pela proteção das florestas e de seus parentes Awá Guajá, um dos últimos povos caçadores e coletores do mundo, cujo modo de vida depende essencialmente da floresta. Se a destruição continuar, este povo corre grandes riscos de desaparecer.
5 – Jerosy Puku, O Grande Canto
Em 2014, a festa do Jerosy Puku, conhecido como Batismo do Milho Branco entre os Guarani Kaiowá, estava ameaçada de não acontecer na Aldeia Panambizinho, em Mato Grosso do Sul. Um grupo de jovens Kaiowá, encabeçados por Ademilson Kiki Concianza e Micheli Perito, tomaram a frente e ajudam a organizar novamente a festa. O resultado é o filme Jerosy Puku, O Grande Canto, que conta um pouco sobre este momento de festa.
6 – Arariboia 45 Graus
Arariboia 45 Graus é um documentário realizado pelos jovens cineastas do povo Guajajara sobre a situação da Terra Indígena Arariboia, no estado do Maranhão. A área foi homologada em 1990, com 413.288 hectares, e abriga 12 mil Guajajara, além de pequenos grupos de Awá isolados. É uma das Terras Indígenas no Brasil mais ameaçadas devido a violenta exploração ilegal de madeira, entre outras atividades, que tem degradado o que restou da floresta amazônica maranhense.
7 – Canal Video nas aldeias
Desde 1987, o canal Vídeo nas Aldeias promove o encontro do índio com a sua imagem. O objetivo principal do canal é criar condições para que os realizadores produzam seus filmes de maneira autônoma. Por meio da formação de cineastas indígenas, o projeto possibilita a apropriação pelos índios de suas imagens e falas e de objetos de observação, fazendo dos indígenas sujeitos de seus próprios discursos.
O filme retrata o início da grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá, através das filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens desse genocídio, um conflito de forças desproporcionais, com a insurgência pacífica e obstinada dos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.
10 – Para onde foram as andorinhas?
O clima está mudando, o calor aumentando e os índios do Xingu observam os sinais que estão por toda parte. Árvores não florescem mais, o fogo se alastra queimando a floresta, cigarras não cantam mais anunciando a chuva, pois o calor cozinhou seus ovos. Os frutos da roça estão se estragando antes de crescer. Ao olhar os efeitos devastadores dessas mudanças, os índios se perguntam como será o futuro de seus netos.
11 – Pelas Águas do Rio de Leite
Este vídeo-documentário é resultado de duas expedições pelos rios Negro e Uaupés, nas quais conhecedores de etnias da família linguística tukano oriental visitaram e registraram lugares sagrados relacionados às narrativas de origem e de transformação do mundo e da humanidade. Assim como seus primeiros ancestrais, que viajaram a bordo de uma Cobra-Canoa, os participantes dessas expedições percorreram um extenso território, parando em lugares associados aos conhecimentos e às práticas que, até os dias de hoje, constituem a riqueza dos povos indígenas do Noroeste Amazônico.
12 – ASCURI: Nosso Jeito de Ser – Ñadereko/Kixovoku
A Associação Cultural dos Realizadores Indígenas (ASCURI) é um grupo de jovens produtores culturais indígenas do Mato Grosso do Sul que busca desenvolver estratégias de formação, resistência e fortalecimento do jeito de ser indígena tradicional. As ações acontecem por meio da linguagem cinematográfica e das novas tecnologias de comunicação. O site conta com diversas produções disponibilizadas no youtube.
A trama conta a história de um homem que, temendo a morte da esposa idosa, pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu para que ela possa cantar uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente.
*Editado por Luciana Console