Como evitar que o coronavírus seja mais letal nos assentamentos e acampamentos?

Segundo o setor de Saúde do MST, dois trabalhadores Sem Terra já morreram após serem infectados pelo Covid-19 e há outros cinco casos de pessoas infectadas
Em alguns estados estão sendo doadas ervas secas para chás, produção e partilha de homeopatias e fitoterápicos cosméticos. Fotos: Arquivo Setor de Saúde do MST

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Estamos assistindo o crescimento no número de infectados e mortos no Brasil pelo novo coronavírus, e a ameaça do país em se tornar no novo epicentro do vírus, que ainda não atingiu o pico máximo de contágio.

Diante disso, o surto do vírus avança para o interior e pode se tornar ainda mais letal ao chegar no campo e nas periferias das cidades, onde as dificuldades da população são maiores e os serviços públicos de saúde mais precários, agravando a situação e aumentando o número de mortes.

Conforme informações do setor de Saúde do MST, até o momento duas pessoas morreram após serem infectados por Covid-19, uma mulher em São Paulo e um homem em Pernambuco. Também foram registrados outros cinco casos de Sem Terra infectados, que vivem em assentamentos de Reforma Agrária no Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santos e Rio Grande do Norte.

Locais mais vulneráveis


Conforme o coordenador nacional do setor de Saúde do MST, Edinaldo Novais, as regiões menos preparadas para enfrentar a pandemia são onde as áreas estão mais afastadas das cidades e com menos acesso às informações sobre como se proteger do vírus.

Em várias regiões, famílias do MST estão realizando ações de solidariedade. Fotos: Arquivo Setor de Saúde do MST

O setor de Saúde está realizando o monitoramento da situação nos estados, regionais e brigadas, assentamentos e acampamentos, e criando vários canais de comunicação para transmissão de informações e cuidados. “Para resolver essa situação, estamos buscando quem tem celular dentro dessas áreas e mandando as informações: em texto, áudios, vídeos e pedindo para serem repassadas as demais pessoas. Também utilizamos as rádios comunitárias que existem em algumas áreas e municípios, participando de programas e mandando orientações”, informa Novais.

Fique atento às orientações e cuidados que as famílias precisam tomar para evitar a circulação do vírus e as mortes:

O setor de Saúde orienta para que todas e todos que puderem, fiquem em casa e para quem precisam sair para trabalhar, usar todas as medidas de proteção necessária, como o uso de máscara, luvas, manter o distanciamento de um metro e meio entre as pessoas, usar álcool em gel 70%, ou lavar bem as mãos, sempre que puder.

Edinaldo Novais chama atenção de que esse é o momento dos trabalhadores Sem Terra reafirmarem o compromisso com o isolamento social como forma de preservar a sua vida e de suas famílias. Segundo ele, o setor de saúde está indicando a necessidade de criação de um controle sanitário nas áreas de assentamento e acampamentos. “Estamos orientando que cada assentamento e acampamento monte uma guarita sanitária: para ter o controle de quem entra e sai das áreas e garantir que tenha álcool em gel a 70%, luvas e o uso de máscaras para as pessoas”, pontua.

Mas, as famílias podem continuar a produção de alimentos nesse período?


A orientação é de que todas as famílias mantenham a produção de alimentos saudáveis, nos quintais e lotes, respeitando o distanciamento social e usando os equipamentos de proteção necessários.

O setor de Saúde está realizando o monitoramento da situação nos estados. Fotos: Arquivo Setor de Saúde do MST

O coordenador nacional do setor de Saúde explica ainda que em várias regiões as famílias do MST estão realizando ações de solidariedade e produzindo ervas e fitoterápicos fundamentais para fortalecer a imunidade da população. “Temos muitas experiências bonitas dos coletivos de saúde em todo o Brasil. Em alguns estados tem sido confeccionadas máscaras para serem doadas, junto com ervas secas para chás nas doações de alimentos, produção e partilha de homeopatias, de fitoterápicos cosméticos para a higiene de famílias da Reforma Agrária e moradores nas cidades”, evidencia Novais.

*Editado por Fernanda Alcântara