Como produzir substrato para produção de mudas?
Por Vladimir Dayer
Da Página do MST
Chamamos de substrato o meio onde as mudas são plantadas no viveiro. O substrato é utilizado para dar sustentação e também fornecer nutrientes e água para o desenvolvimento das mudas. É comum que se pense que plantar mudas na terra pura, como na natureza, seja o melhor. Porém, um viveiro não é igual ao ambiente natural. Além disso, é preciso fazer com que as mudas se desenvolvam mais rápido para poderem ser utilizadas logo no campo. É por isso que são misturados à terra outros materiais para ajudar no processo.
Existem muitos materiais que podem ser usados para produzir o substrato, como a própria terra, o esterco curtido, a areia, o pó de carvão, a cinza de fogão, a fibra de coco, o pó de rocha, o composto orgânico e muitos outros. Mas qual desses materiais deve ser usado? Em qual quantidade? Quem responderá melhor a estas perguntas é a própria prática. No entanto, podemos dar algumas dicas para ajudar!
Abaixo, segue um modelo de referência para produção de substrato. A terra será utilizada como base e a areia para corrigir a textura, além de composto orgânico e cinza de fogão como adubos e condicionantes. No lugar do composto orgânico, pode ser utilizado esterco curtido ou uma mistura destes dois. Se o esterco for de galinha, deve-se usar a metade da quantidade recomendada inicialmente.
Vamos aos passos:
1º Colete terra do subsolo: Pegue terra de barranco. Evite a parte próxima à superfície, pois pode conter muitas plantas daninhas e agentes causadores de doenças. Evite também as terras muito profundas, que são mais pobres em nutrientes.
2º Observe a textura: Misture a terra com areia. Não há uma proporção exata, é preciso ir experimentando. Se o substrato for muito argiloso, as raízes poderão ter dificuldades de se desenvolver. Além disso, a água não irá se infiltrar direito. É necessário, neste caso, misturar mais areia a terra.
Já se o substrato for muito arenoso haverá muitas perdas de nutrientes e no momento do plantio em campo o torrão pode se desfazer quando o saquinho for retirado. Para correção do problema será necessário utilizar muito composto orgânico ou esterco. Talvez seja mais fácil procurar outra terra para fazer o substrato. Para saber como está a textura da sua mistura, faça testes!
3º Testes de textura. Esses testes simples nos ajudam a ver se a proporção de argila e areia está boa.
Teste da rosquinha: peneire um pouco da terra e adicione água (se a terra já estiver em uma textura boa, não há necessidade de misturar areia). Amasse bem até formar uma massinha de modelar firme. Faça uma tirinha da grossura de um dedo, com cerca de 15 cm, enrolando a massa contra o chão. Então, junte as pontas com o intuito de formar uma rosquinha e observe o resultado. Se a rosquinha se formar sem quebrar a tira, então o solo é argiloso. Se quebrar um pouco, é um solo intermediário. Mas se não conseguir formar nem a tirinha, então é muito arenoso.
Teste do corte: usando a mesma massa, faça uma bolinha e então corte ela ao meio usando uma faca ou canivete afiado. Se a superfície do corte for lisa e brilhante, a terra é muito argilosa. Se for opaca, com pouco brilho, é intermediária. Se for completamente opaca é arenosa.
4º Monte o substrato: Utilize a proporção de duas partes de terra já corrigida (misturada com areia) para uma parte de composto orgânico, ambos peneirados. Para cada carrinho de 50 litros dessa mistura, acrescente 50 gramas de cinza de fogão. Misture bem e pronto! O substrato já pode ir para os saquinhos.
Este substrato pode ser utilizado para o plantio de mudas em geral, porém, a dica é observar a natureza, que pode ajudar na criação de combinações ainda melhores!
Por exemplo, se a árvore é comum em locais muito úmidos, como no leito de rios e em área brejadas, então as mudas vão preferir um substrato mais argiloso, como é o caso do buriti e do palmito-juçara. Mas se as árvores preferem crescer em ambientes mais secos e arenosos, então é recomendado colocar mais areia à mistura. A mangaba e o cajuí são assim.
Agora, é juntar a família, conversar sobre o que foi aprendido aqui e aplicar em seu lote! Vamos trabalhar juntos rumo ao plantio de 100 milhões de árvores!
* Editado por Luciana Console