Comercialização de cestas agroecológicas: levando alimento saudável na pandemia
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
Em tempos de pandemia da COVID-19, com isolamento social e suspensão de diversas atividades, os agricultores e agricultoras tiveram que se reinventar para driblar a crise e criar estratégicas de comercialização. Neste contexto, as famosas feiras delivery estão virando um fenômeno em todo o mundo.
No Brasil, aos poucos, algumas experiências bacanas vão surgindo, principalmente na Bahia. Como é o caso dos assentados do Assentamento Bela Manha, no município de Teixeira de Freitas, que criaram a Rede de Consumo Responsável (RCR). “Trata-se de uma estratégica do MST da regional Extremo Sul para democratizar o acesso aos alimentos saudáveis oriundos da Reforma Agrária Popular a partir do sistema de cesta agroecológica”, explica Roberta Cristina, da frente de comercialização do MST no Extremo Sul do estado.
Segundo a militante, a iniciativa é “uma construção Campo e Cidade em resistência a soberania popular e o direito ao acesso à alimentação”. As entregas são realizadas todos os sábados no município de Teixeira de Freitas e há cestas compostas por seis e oito itens, cuja produção é definida pelos produtores, de acordo com a produção sazonal de hortifrútis e processados oriundos do Assentamento Agroecológico Bela Manhã.
Outra experiência que está ganhando espaço na Bahia é o projeto Feira Delivery Seabra, idealizado pela jovem Sandreia Santana, de 26 anos. Ela já pratica o delivery há quase dois anos, entregando produtos da feira nas casa das pessoas. Durante a pandemia, Santana buscou parceria com produtores da agricultura familiar. “O objetivo era que eles conseguissem escoar seus produtos e que os clientes de Seabra conseguissem manter sua alimentação de qualidade na segurança de sua casa”, conta ela.
Surgimento das iniciativas
A ideia da Rede de Consumo Responsável já estava sendo construída antes do alastramento da COVID-19, mas com o surgimento da pandemia, a criação da Rede foi acelerada. “Nós havíamos idealizado a Rede desde o ano passado, como projeto piloto para incentivar a instalação do Armazém do Campo [loja de produtos da Reforma Agrária] na cidade. Mas acreditamos que quando isso passar teremos um novo conceito de comercializar e comprar produtos. Nós queremos estar ocupando esse novo jeito”, compartilha Roberta Cristina. A RCR tem como estratégia expandir para outras áreas de assentamentos e acampamentos da região.
Em Seabra, o projeto Feira Delivery tem quase dois anos e já conta com uma demanda, fazendo com que, muitas vezes, seja necessário buscar parcerias com os hortifrútis da cidade e alguns produtores rurais que também fazem entrega. Desta forma, o capital gira para um número maior de pessoas. Os preços dos produtos são tabelados e até 20% menores do que os praticados nas feiras e grandes mercados. As entregas são feitas pelo próprio agricultor ou alguém direcionado pelo agricultor.
Logística em meio à pandemia
Na central de distribuição, os produtores trabalham com regras de aglomeração e higienização para evitar o contágio da COVID-19. As entregas são feitas todos os sábados, das 9h às 17h e o preço do frete depende da localização, podendo até sair de graça. Os consumidores têm a possibilidade de fazer o pagamento em dinheiro, cartão de crédito, boleto ou transferência bancária.
O papel da Feira Delivery e RCR em meio a pandemia é conceder oportunidades aos produtores rurais, que são os protagonistas da alimentação saudável nas cidades e que sofrem muito por terem os produtos em casa e muitas vezes não conseguirem escoá-los.
*Editado por Luciana Console