92 anos de Che Guevara

O médico argentino que se tornou um dos maiores símbolos do espírito revolucionário de esquerda e no ícone do regime em Cuba
“Guerrillero Heroico”, fotografia de Alberto Korda tirada em 5 de março de 1960

Por Pablo Neri, do Coletivo de Juventude do MST
Da Página do MST

Em 1959, nos anos de tensão e “Guerra Fria” entre as potências URSS e Estados Unidos, a América Latina e o mundo é balançado pela notícia da Revolução cubana. A importância desse momento inaugura um ciclo de tensão e contestação entre a superpotência ianque e os países da América, cria uma nova perspectiva para a atuação da esquerda nas guerras de descolonização africana, além da vantagem militar mais temida pelos EUA contra sua inimiga URSS e lança para o mundo o aroma de transformação que as revoluções trazem para a atmosfera.

E junto com isso o mundo passa a conhecer os homens e mulheres que derrubaram a Ditadura de Fulgencio Batista e uma dos rostos mais conhecidos e que passaria a ser uma das figuras mais conhecidas do mundo, figuras mais difundidas durante o século XX é a de Ernesto Che Guevara.

O triunfo revolucionário Cuba passou a ser o sopro de esperança que chegava a todos os cantos do mundo e tinha como um dos principais mensageiros o Comandante Che Guevara, que dali em diante faria parte do Horizonte da militância de esquerda e de admiradores em todo o mundo.

É quase impossível achar alguém em alguma parte do planeta que não reconheça a imagem do líder cubano que hoje, emoldurado ou fixo por meios precários na parede, povoa o imaginário político as paixões e os sonhos de toda uma geração de militantes Sem Terra. Essa proporção de Che não é apenas pelo seu desempenho na guerra e por ser um dos mais imponentes contestadores do poder colonial ianque, mas por ser um dos rivais mais fulgores do capitalismo por encarnar em si mesmo, ar dar carne e osso a dignidade humana que se liberta do capitalismo e constrói um legado de militante socialista para o século XXI.

O começo


Ernesto Rafael Guevara de la Serna nasceu em 14 de junho de 1928, em Rosário, na Argentina. Primogênito de 5 irmãos, Che cresceu e tornou-se médico. Ainda na juventude jovem Ernesto viajou pela América do Sul na companhia do amigo Alberto Grando para conhecer as doenças que assolavam o continente e entendeu que não bastava combater as mazelas, era preciso destruir o sistema que as fazia existir.

Conheceu Fidel e Raul Castro, outros dois importantes líderes da Revolução Cubana, em julho de 1955, durante o exílio dos irmãos no México. Foi durante esse encontro que se juntou ao Movimento 26 de Julho e partiu para Cuba a bordo do iate Granma com o objetivo de derrubar o ditador Fulgencio Batista, autocrata que governava a ilha com o apoio dos Estados Unidos.

Médico, jornalista, escritor, diplomata, Che logo ganhou destaque no comando do exército revolucionário pelos valores que acreditava serem necessários para conquistar o apoio dos povos e o respeito da nação: Humildade, trabalho voluntário, o amor, dedicação na luta pela libertação. Como segundo General do exército Che ajudou a desenvolver a tática de guerrilha, deu significado para o foquismo que sairia vitorioso em janeiro de 1959.

Após o triunfo revolucionário, Che assumiu uma série de cargos no novo governo. Entre outras funções, foi ministro das Indústrias, embaixador e presidente do Banco Central de Cuba. Che também foi pai, casou-se duas vezes, mas abandonou tudo isso para se dedicar à tarefa de levar a Revolução para os demais continentes. Acompanhou as tropas de Cuba em campanhas militares em apoio às nações africanas na luta contra a dominação colonial, recrutou profissionais cubanos de vários setores, especialmente da saúde, trabalhando em muitas nações mergulhadas na pobreza, no analfabetismo e na insalubridade.

Legado


Seguiu convicto de seu papel na luta revolucionária até o dia do seu assassinato em outubro de 1967, na Bolívia. Por isso, o MST como organização política estimula que a base a militância, em especial os mais jovens, conheçam a história e o legado de Che organizando como processo de formação a Semana internacional de Trabalho Voluntário Ernesto Che Guevara. Ele está presente nas músicas, nas poesias, nas místicas, neste momento de desesperança e de desencantamento com as causas coletivas Che segue sendo o farol que guia aquelas e aqueles que buscam a luta por uma sociedade justa, livre e emancipada. Em 2017 construímos a Brigada de Jovens que foram até a Bolívia nós 50 anos do assassinato de seu assassinato prestar a homenagem ao Comandante Che e escutar dos camponeses daquelas imediações que guardaram seus restos mortais por mais de 30 anos.

Mesmo tendo tantas dimensões, a direita brasileira, seus “intelectuais” e seu mau jornalismo vem trabalhando para tentar reduzir Che a um “assassino frio”. Como exemplo a editora Abril, que lançou o Manual Politicamente Incorreto que “busca destruir o mito”, retirando o contexto da revolução e acusando Che de matar seus inimigos por regozijo.

Mas qual o interesse desses detratores em atacar a memória e o legado de Che Guevara? De certeza temos que do lado de lá não tem nenhum ídolo que sirva de modelo aos jovens a não ser torturadores, generais ditadores e exploradores da miséria do mundo.

E para quem quiser se aprofundar mais na história e no legado de Che Guevara e a Revolução cubana atualmente temos uma série de filmes disponíveis, como o lendário filme Diário de Motocicleta (2004) dirigido pelo brasileiro Walter Salles e baseado nos diários de Che e Grando de sua viagem de juventude. Também tem o filme Che: O Argentino (2009), já mais velho e em meio ao contexto da revolução.

Também a Editora Expressão Popular tem títulos importantes e de fácil acesso para todos como o livro de Michael Lowy, Pensamentos de Che Guevara (1969) e Che Guevara – Política de Eder Sader (org.) Esta antologia apresenta a parte mais significativa das suas contribuições teóricas para decifrar os caminhos da vida, da prática revolucionária e da ética.

Poucos lutadores terão influenciado os acontecimentos e as idéias políticas revolucionárias do século XXI como Ernesto “Che” Guevara. Seu legado e sua história permanecerão como o chamado para a luta para o enfrentamento. Como disse Eduardo Galeano, “Che é o mais renascedor de todos” e o MST seguirá prestando as homenagem que esse grande ser humano merece.

Feliz Aniversário Che!

*Editado por Fernanda Alcântara