Ataques ao MST em material veiculado pelo Itamaraty são contestados por parlamentares
Da Página do MST
Nesta quarta-feira (15/7), um grupo de 31 parlamentares protocolou uma cobrança de explicações ao ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) referente ao material didático carregado de frases racistas e ataques ao MST disponibilizado em cursos no exterior de língua portuguesa realizados pela Rede Brasil Cultura. O conteúdo distribuído pelo Itamaraty foi denunciado por uma professora à jornalista Júlia Dolce, da Agência Pública.
Para Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, a distribuição do material só reforça a situação do atual governo Bolsonaro. “É um governo desmoralizado a nível internacional e isso só piora a imagem do Brasil no mundo, com esse ataque as lutas sociais.”
O deputado Valmir Assunção (PT-BA) encabeça o pedido de esclarecimentos ao Ministério, que exige respostas sobre a produção do material, a quantidade e destino dos exemplares distribuídos e, principalmente, qual o intuito de disseminar informações falsas e preconceituosas sobre o ex-presidente Lula e o MST. Os exemplos de juízo de valor são encontrados nas perguntas dos exercícios de prática da língua portuguesa.
Além das providências políticas protocoladas no Congresso Nacional, Alexandre afirma que, com a distribuição do material a nível internacional, o governo comete crime de responsabilidade, de calúnia e que providências legais também deverão ser tomadas. “Vamos providenciar para que o governo responda juridicamente o porquê deste ataque a luta social e a democracia no Brasil”, pontua.
Exercícios de português com informações falsas e racistas
A responsável pela elaboração do material didático é a professora e dona de uma escola de idiomas em São Paulo, Airamaia Chapina. No entanto, ela nega a existência de motivações políticas no conteúdo. O material foi retirado do ar na última terça-feira (14) após a divulgação da jornalista Júlia Dolce.
A informação falsa sobre o MST é explicitada no exercício de conjugação dos verbos “apropriar” e “conseguir”: “Se o MST se () de nossas terras, nunca mais () reavê-las”. Já o exemplos racista é o exercício referente à conjugação do verbo “ficar”, que exige que a frase “Se ela alisasse o cabelo, ela () mais bonita”, fosse completada.
Em outra questão, a frase utilizada para o exercício mencionava o ex-presidente Lula: “Se eu soubesse que o Lula seria tão corrupto e se envolveria com o mensalão, eu não teria votado nele”. Outro caso encontrado no material didático é sobre a questão do aborto. Ao pedir a conjugação do verbo “haver”, o exercício condena claramente a prática: “Se as mulheres não abortassem, não () tantas clínicas de aborto clandestinas”.
No entanto, para Alexandre, devido ao histórico das lutas sociais no Brasil ser conhecido internacionalmente, o material terá pouco impacto. “A sociedade internacional conhece a trajetória do MST e a sua luta pela Reforma Agrária, pelo meio ambiente, pela produção de alimentos saudáveis e pela vida”. Apesar disso, o militante ressalta a importância de se denunciar este tipo de agressão: “Nós vamos preparar materiais para informar mais um ataque que esse governo faz aos movimentos que lutam por liberdade, democracia e pela vida”, finaliza ele.
Assinam o pedido de esclarecimentos:
Valmir Assunção (PT-BA), Airton Faleiro (PT-PA), Rogério Correia (PT-MG), Pedro Uczai (PT-SC), João Daniel (PT-SE), Carlos Veras (PT-PE), Beto Faro (PT-PA), Patrus Ananias (PT-MG), Zé Carlos (PT-MA), Paulo Teixeira (PT-SP), Marcon (PT-RS), Erika Kokay (PT-DF), Padre João (PT-MG), Afonso Florence (PT-BA), Paulão (PT-AL), Margarida Salomão (PT-MG), José Guimarães (PT-CE), Benedita da Silva (PT-RJ), Enio Verri (PT-PR), Natália Bonavides (PT-RN), Paulo Pimenta (PT/RS), Jorge Solla (PT-BA),Alencar Santana Braga (PT-SP), Célio Moura (PT-TO), Nilto Tatto (PT-SP), Vander Loubet (PT-MS), Professora Rosa Neide (PT-MT), Luizianne Lins (PT-CE), Vicentinho (PT-SP), Frei Anastacio Ribeiro (PT-PB) e Rui Falcão (PT-SP).