Mais de 40 entidades em Aracaju recebem 25 toneladas de alimentos do MST
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Por Dijina Torres
Da Página do MST
Um dos princípios do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é o da solidariedade nacional e internacional. Diante da disseminação do novo coronavírus pelo mundo, o MST Sergipe imediatamente dialogou com os assentamentos e acampamentos dos municípios para instruir as famílias à prevenção do vírus. A produção e uso de máscaras, orientações em relação ao uso do álcool em 70%, e a não aglomeração foram algumas das discussões levadas a cada uma dessas famílias sergipanas.
Pensando em evitar o contágio e a disseminação do vírus, o dia 25 de julho, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural, que sempre foi marcado por grandes mobilizações pelo Movimento, neste ano, foi realizado de uma maneira diferente. Para permanecer pautando a luta pela defesa da Reforma Agrária Popular, o MST, que segue na produção de alimentos saudáveis e no desenvolvimento para o campo, doou aproximadamente 25 toneladas de alimentos para famílias de trabalhadores desempregados que passam por dificuldades durante essa crise.
Para celebrar este dia de luta, foi realizada a montagem de kits de alimentação que foram posteriormente doados para mais de 40 entidades e Aracaju, com o objetivo de ajudar as diversas famílias em situação de vulnerabilidade. De acordo com José Roberto, da Coordenação Nacional do MST, o dia 25 de julho deste ano foi caracterizado como um dia de solidariedade pela vida e contra a COVID-19.
“Sabemos que nossos companheiros na capital são mais desprotegidos, por depender muitas vezes do transporte coletivo, por ter mais locais com aglomerações, ou seja, com possibilidade maior de contágio. E nós intensificamos a produção para que a gente pudesse demonstrar esse carinho e essa atitude solidária do povo do campo com o povo da cidade. Para nós, é sempre de uma gratidão tamanha poder realizar ações solidárias. Foi muito importante ressignificar esse ato, e poder realizar dessa forma, tanto para nós, como para nossos companheiros da cidade”, afirmou.
Mais de 40 entidades foram beneficiadas com os alimentos produzidos pelos agricultores do MST. Dentre elas, o projeto Periferia Viva recebeu 700 kg de alimentos para destinar às famílias assistidas. “Ao longo da pandemia, estamos realizando campanhas de arrecadação e doação de alimentos na periferia de Aracaju. Porém, não são apenas cestas básicas compradas, são alimentos produzidos pela Reforma Agrária, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento Camponês Popular (MCP). Assim, realizamos a doação de alimentos da agricultura camponesa, que vem encontrando dificuldades em escoar a produção. E o MST, somada à doação desse dia, já doou 5 toneladas para o nosso projeto durante esses meses”, disse Daniel Nakabayashi, representante do Projeto Periferia Viva, de Aracaju.
As famílias que vivem em ocupações ribeirinhas no município também receberam as doações dos alimentos. A Organização Não-Governamental Casa de Mar, recebeu 30 kits para distribuição às famílias que vivem na Comunidade do Duro, na Zona de Expansão de Aracaju.
“Devemos ressaltar a importância desse tipo de produção, não só do dia 25, mostrando que é possível, é viável e que é a saída. Ressaltar também a importância que o MST tem nessa pandemia, que desde o início vem realizando diversas ações de solidariedade, trazendo essa produção para atender as pessoas em situação de vulnerabilidade social, que estão com muita dificuldade. Esse papel do MST nesse momento é de extrema importância, provando que nesse momento de crise, foi esse modo de produção que está, de fato, fazendo a diferença e um trabalho potente com a distribuição de alimentos, e tudo isso numa perspectiva de solidariedade de compartilhamento”, concluiu Martha Sales, Sócio-fundadora da Casa de Mar.
*Editado por Luciana G. Console