“Sou Sem Terra eu sei, e essa é a identidade mais bonita que eu ganhei”
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
No mês da Mulher Negra, Latina Americana e Caribenha, o Voz Do Movimento trás companheiras que estão lutando contra os vírus e as violências dentro dos assentamentos e acampamentos do Movimento do Trabalhares Rurais Sem Terra na Bahia.
Hoje, traremos um pouco da história de uma companheira que organiza a juventude no Sul da Bahia.
Rafaela Oliveira de Jesus, 22 anos, filha mais velha de 6 irmãos, nascida em Eunápolis, Extremo Sul baiano. Passou a sua infância com sua família em uma fazenda na Zona Rural de Itabela Bahia, onde seus pais trabalhavam.
Seu primeiro contato com o MST foi ainda criança, quando era vizinha de um acampamento do MST. Foi ensinada a partir da visão que a maioria das pessoas tem, para ter cuidado pois os vizinhos eram “ladrões de terra”, e podiam fazer mal aos que ali moravam.
Só depois de se mudar para o Sul da Bahia e de ter participado de algumas ocupações do MLT (Movimento de Luta pela Terra) com a sua família, esse pré-conceito foi vencido. Rafaela conheceu o MST de verdade, se matriculou no curso Técnico em Meio Ambiente no Centro Estadual de Educação Profissional da Floresta do Cacau e do Chocolate Milton Santos, no assentamento Terra a Vista.
A partir desse momento, passou a conhecer o MST e a viver a experiencia da formação dentro da área de Reforma Agrária. “Estudar em uma área de Reforma Agrária foi diferente. O curso me proporcionou não só estudar sobre meio ambiente, mas nas aulas de campo e no convívio com a comunidade. Aprendi muito, principalmente sobre questões sociais, e como sempre fui do campo, aprender assim fez com que eu me encantasse mais pelo Movimento” diz Oliveira.
Foi no curso que iniciou sua história no MST, e começou a participar das atividades e encontros. Esteve presente no 30º Encontro Estadual do MST na Bahia, e conta que foi lá que o sentimento de autorreconhecimento e pertencimento nasceu.
“Eu nunca tinha visto uma mística, e a cada mística que eu via durante os dias de encontro, eu entendia que eu fazia parte daquilo. Foi ali que entendi que tenho um lado e que a classe onde eu tentava me encaixar não era meu lugar, e logo que cheguei em casa pensei: eu quero isso pra mim, quero estar na luta!”.
Ao ser perguntada que frase a definiria hoje, ela responde que o grito de ordem: “Sou Sem Terra, Sou Sem Terra eu sei, e essa é a identidade mais bonita que eu ganhei” a define, pois hoje, moradora do assentamento Rio Aliança, Dirigente Regional da Juventude Sem Terra e Comunicadora Popular, Rafaela vê nesse grito a afirmação de quem ela é e do que ela é contra “Hoje dizer “Sou Sem Terra”, olhando toda a história do MST, é me afirmar contra o patriarcado, o latifúndio a burguesia e todo esse conjunto que nos reprime” afirma Oliveira.
*Editado por Fernanda Alcântara