Movimentos populares se despedem de Dom Pedro Casaldáliga
Por Filipe Augusto Peres
Da Página do MST
O Buriti é uma árvore que dá apenas um grande cacho na vida, depois morre. Como Pedro. Um caixão de madeira, um cajado de madeira e um chapéu de palha no lugar da mitra, insígnia pontificial utilizada pelos prelados da Igreja Católica. Estas foram as vestes de Dom Pedro Casaldáliga em vida e morte.
A ornamentação lembrava a coerência de vida e luta de Dom Pedro Casaldáliga. Árvores queimadas, sobrepostas por arame farpado traziam a morte da floresta causada pelo latifúndio do agronegócio. Por outro lado, a orquídea e a cruz simbolizavam a ressurreição da natureza e de Cristo sobre a morte.
Uma bandeira do MST junto aos artesanatos dos indígenas e a uma camiseta da CPT, organizações que Casaldáliga ajudou a construir, trouxe a luta que direcionou toda a vida de Dom Pedro Casaldáliga. O seu compromisso com o Evangelho de Cristo, com os camponeses, a luta pela terra, pela Reforma Agrária, pela defesa dos povos indígenas, a preservação da natureza.
Com a presença de bispos, padres, fiéis e integrantes da CPT, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e outros movimentos sociais, velado na capela do Claretiano Centro Universitário e, depois, levado para o ginásio de esportes do mesmo Centro, onde se realizou a Missa de Exéquias, neste domingo (6), no município de Batatais, o bispo Dom Pedro Casaldáliga se despediu de todos que o admiravam e tentavam seguir o seu exemplo de luta e defesa das populações oprimidas.
Citando poema de Dom Pedro, Kelli Mafort, da Coordenação Nacional do MST, afirmou que a luta de Dom Pedro Casaldáliga deixa um legado: “[…] um caminho aberto para que nós, do Movimento Sem Terra, continuemos seguindo os seus passos. E é isso que nós faremos. Nós do MST, nós povos do campo, das águas e das florestas”.
O corpo de Dom Pedro Casaldáliga foi transladado no início da noite para Ribeirão Cascalheiras/MT, ao Santuário dos Mártires, onde está o corpo do Padre João Bosco Burnier, morto durante a Ditadura Militar, em 1976. De lá, seguirá para São Felix do Araguaia e será enterrado no Cemitério dos Índios.
Missionários Claretianos, presentes no velório e na missa, externaram o desejo de que, por sua vida, sua conduta em defesa dos pobres e oprimidos, Dom Pedro seja considerado Santo Súbito.
*Editado por Luciana G. Console