Parlamentares exigem reunião com Zema sobre despejo em Campo do Meio
Por Geanini Hackbardt
Da Página do MST
Nesta quarta-feira (12), foi expedido um ofício assinado pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), o presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos, além de 64 parlamentares, com pedido de reunião de caráter de urgência com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), para tratar da reintegração de posse do acampamento Quilombo Campo Grande, situado na Fazenda Ariadnópolis, no município de Campo do Meio (MG).
A ação de despejo ocorreu na madrugada desta quarta, quando policiais militares cercaram a área e iniciaram a ação com truculência e sem mandado judicial. O acampamento de 40 hectares abriga cerca de 450 famílias que ocupam o terreno desde 1998 e são referência na produção agroecológica. Os agricultores também desenvolvem atividades como plantio de cereais, milho, hortaliças e frutas no território.
Há várias irregularidades na ação reintegração, que inicialmente abrangia 26 hectares, dos quais o MST já havia se retirado. O processo manobrado pelo juiz Roberto Apolinário de Castro, concedeu a liminar e ampliou os limites da área. O juiz se afastou do cargo logo após a decisão. Cerca de 180 policiais se encarregaram de executar o despejo e até um helicóptero foi utilizado.
“Fizemos vários apelos ao governo estadual, ao judiciário e ao legislativo mineiro. Foram todos ignorados e o despejo começou hoje. Nem se sabe a área total a ser abrangida e os limites da execução da ordem são desconhecidos. Também não havia o número correto de famílias que seriam atingidas. A escola que atenda a comunidade já foi despejada, mas ainda restam lavouras, lotes e casas a serem preservados”, explica o presidente da CDHM.
Em meio a pandemia, as famílias não tem onde se abrigar. A polícia chegou a propor levá-las para a Vila Vicentina, local onde se concentram todos os casos confirmados de COVID-19 no município. Também não há indicação de onde levar as criações, como bois, vacas e porcos. Outros moradores do acampamento continuam ameaçados.
A área ocupada pertencia à usina Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), que faliu em 1996, com diversos processos trabalhistas em aberto. Desde a ocupação, a região é palco de luta judicial, em meio à ameaças às famílias. No documento, são explicitados diversos argumentos que apontam a gravidade desta ação de remoção em meio à pandemia da COVID-19 e a total falta de plano de remoção, o que coloca as famílias em risco. No próximo dia 25, ainda deve ser julgado um agravo de instrumento movido pela Defensoria Pública Estadual sobre o caso.
*Editado por Luciana G. Console