Despejo ilegal em Quilombo Campo Grande segue; parlamentares acionam juiz

Despejo criminoso no Quilombo Campo Grande destrói meios de vida e produção de famílias que vivem no local há 20 anos
Policiais destruíram escola e atearam fogo no acampamento Quilombo Campo Grande (MG). Foto: Isabelle Medeiros/ Mídia NINJA

Por Luciana G. Console
Da Página do MST

Após o governador de Minas Gerais anunciar nas redes sociais que a ordem de despejo que ocorre desde a manhã de ontem (12) no acampamento Quilombo Campo Grande (MG), havia sido suspensa, policiais militares não deixaram o local e a reintegração de posse seguiu seu curso normalmente. Na manhã desta quinta-feira (13), tratores derrubaram a Escola Popular Eduardo Galeano, que fica dentro do acampamento, e agora pela tarde policiais militares atearam fogo no local.

Enquanto o pedido feito pelo MST no (STJ) Superior Tribunal de Justiça para reversão da ordem ilegal de despejo não é atendido, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Helder Salomão (PT/ES), o presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CHDH), Renan Sotto Mayor, e mais 64 deputados federais enviaram ofício ao juiz titular da Vara Agrária de Minas Gerais, Roberto Apolinário de Castro, nesta manhã (13) comunicando o descumprimento de decisão de reintegração de posse no Quilombo Campo Grande. 

O ofício destaca e reforça as ilegalidades da ação como a destruição da escola, além de desocupação de área maior do que a prevista no documento de reintegração de posse. Ele ainda aponta que “[…] a fim de garantir que não haja excessos no cumprimento da reintegração de posse, prejudicando dezenas de famílias e suas benfeitorias adquiridas em mais de 20 anos – 40 hectares de hortas, 60 mil árvores nativas e 60 mil árvores frutíferas, além da produção de oito toneladas de mel –, solicitamos a Vossa Excelência, com a urgência que o caso requer, providências cabíveis para assegurar o cumprimento fiel do que foi decidido nos autos”. 

A reintegração de posse coloca em risco as 450 famílias agricultoras que vivem no Quilombo há mais de 20 anos e ficarão totalmente expostas à pandemia do novo coronavírus em uma região crítica brasileira. Os casos de COVID-19 no estado de Minas Gerais chegam a quase 165 mil, com  3.846 mortes, na data de hoje (13), de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES). Nas últimas 24h foram registrados 4.430 novos infectados e 63 mortes.

Apoio ao Quilombo

O despejo no acampamento em Campo do Meio vem sendo divulgado por movimentos populares e pelo MST e desde ontem, diversas manifestações estão ocorrendo nas redes sociais com #SalveQuilombo #ZemaCovarde. Além disso, o Quilombo já havia recebido dezenas de vídeos e manifestações de solidariedade como cartas que foram enviadas ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais e uma petição online contra a ordem de despejo que envolveu representantes de 24 países, 32 entidades internacionais e nacionais, e outros 98 coletivos.

*Editado por Maura Silva