Criado há 10 anos, FONEC segue como instrumento de luta e defesa da educação
Da Página do MST
Em agosto de 2010, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em Brasília, movimentos populares, sindicais, organizações do campo, universidades, institutos federais, organizações internacionais, representações do Ministério da Educação e do extinto MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), se reuniram entorno da criação do Fórum Nacional de Educação do Campo (FONEC). O Fórum nasce com o objetivo de fortalecer a autonomia, o debate, a elaboração e, sobretudo, a consolidação de políticas públicas voltadas para a educação no campo.
Um ponto de partida comum a todos que criaram e que permanecem ativos na composição do Fórum é a constatação da evidente desigualdade social e educacional a que estão submetidas as populações do campo. Além disso, a falta de políticas públicas e os cortes de investimentos da área da educação seguem sendo as principais preocupações das entidades.
Este cenário, agravado pelo golpe de 2016 e intensificado pelo governo Bolsonaro, ficou insustentável agora durante a pandemia do novo coronavírus que assola o país e o mundo. “Nosso principal objetivo continua sendo desenvolver, a partir das especificidades dos territórios, políticas eficazes e estratégicas para um processo contra-hegemônico que lute contra a desigualdade histórica no campo”, explica Edgar Kolling. do setor de educação do MST.
A criação do Fórum suscita uma ação estratégica forte e ordenada dos povos do campo, a começar por suas organizações próprias com vistas à instalação de um projeto capaz de reverter tal processo histórico vigente. É um processo que luta contra o projeto excludente, predador e homogeneizante da educação. Kolling ressalta que esse é um dos pontos primordiais de sustentação do Fórum, a associação de sujeitos coletivos diferentes, mas com interesse comuns: “A nossa força está na diversidade de pessoas engajadas nessa pauta”.
Esse projeto contra-hegemônico vê o campo não como espaço econômico de produção de commodities, mas como território social e ambiental de produção de vida e de cultura por milhões de agricultores familiares, quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais, caiçaras, Sem Terra, acampados, assentados e reassentados, indígenas e povos de florestas e outros, em mais de 80 % dos municípios brasileiros, que ocupam igual percentual do território nacional.
O FONEC segue sendo um espaço importante de articulação das entidades do campo. Esse espaço consegue gerar uma unidade na compreensão de luta e defesa da educação e sua criação viabiliza, há uma década, alterações significativas no que refere a oferta de educação no campo.
*Editado por Luciana G. Console