Famílias Sem Terra sofrem ataque na Bahia após interferência do INCRA e PM
Por Coletivo de comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
Na manhã desta quinta-feira (27), o assentamento Jaci Rocha foi surpreendido pela Polícia Militar, que chegou fortemente armada para escoltar um carro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que entrou e colocou no lote uma família que tem relação direta com o tráfico de drogas.
Após a ação do INCRA e da Polícia Militar, que causou tensão sobre as famílias assentadas, o medo pairou sobre todos e todas. Na madrugada dessa sexta feira (28), casas no assentamento amanheceram queimadas. O terror se tornou palpável e estão acusando o povo Sem Terra de atear fogo nas casas, quando na verdade todas as ações foram feitas pela família que o INCRA e a Policia Militar colocaram no assentamento. “Eles tacaram fogo na casa e estão colocando a culpa na gente. Eles estão tentando nos criminalizar”, diz assentado.
Paulo de Emmanuel Macedo de Almeida Alves, superintendente do INCRA-BA, foi ao assentamento Jaci Rocha escoltado pela Polícia Militar do Estado da Bahia, que adentrou em área de competência da Polícia Federal sem apresentar comprovação que embasasse a extrapolação da competência exercida. O superintendente não dialogou com as famílias e nem com a coordenação do assentamento.
Quadrilha organizada, com apoio comprovado de instituições como o INCRA, estão atacando os assentados e fazendo um plano de extorsão e criminalização das famílias assentadas do Extremo Sul da Bahia. A quadrilha atua sob pretexto da emissão dos supostos “títulos da terra”, porém, por trás, há uma sofisticada e milionária operação para extorquir as famílias assentadas e criminalizar os movimentos sociais. A ação inesperada e incompreensível realizada pelo INCRA na data de ontem (27) é a prova deste plano. Infelizmente, não é a primeira vez que essa quadrilha atua na área de Reforma Agrária.
Desde meados de 2019, o assentamento histórico na região de Prado tem sofrido ameaças e famílias têm sido aterrorizadas, tudo com aval do INCRA e da PM. Para o presidente da associação do assentamento, “o superintendente do INCRA vem e não fala com a gente, não dialoga e ainda tenta desfazer uma decisão legítima, lavrada em ata. Após todas as chances que foram dadas, todos os debates que foram feitos, mesmo assim, continuaram com a má conduta”, afirma. O clima é tenso, mas as famílias permanecem em resistência e não irão aceitar qualquer determinação que não seja discutida coletivamente pelo assentamento.
*Editado por Luciana G. Console