7ª edição da JURA é lançada em Alagoas
Por Vinícius Braga
Da Página do MST
Com o tema “Reforma Agrária Popular e Soberania Alimentar: direitos, territórios e educação”, a 7ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) em Alagoas teve início nessa segunda-feira (7) à tarde, com um ato de abertura virtual que contou com a presença de representações da comunidade acadêmica alagoana e dos movimentos sociais, ressaltando a importância da realização do evento que esse ano será realizado de forma online com atividades até o fim de dezembro.
“A JURA tem contribuído com a relação e a articulação de dois debates que são essenciais ao conjunto da sociedade brasileira, que são a questão agrária e a questão educacional. São dois temas caros e importantes a sociedade, que nós enquanto povo precisamos debater e refletir, mas, sobretudo, resistir e lutar para que não seja nos arrancado tudo aquilo que foi conquistado ao longo da história”, disse Débora Nunes, da Coordenação Nacional do MST.
Para Débora, é fundamental a realização do debate para explicitar a linha tênue entre a relação do campo e da cidade. “Grande parte dos problemas estruturais que o conjunto da sociedade alagoana vive na cidade é decorrente de um processo que aconteceu no campo, de expulsão de homens e mulheres do campo, sendo jogados às cidades sem a realização da Reforma Agrária e hoje estão submetidos a condições de precariedade nas cidades, e todos os problemas consequentes disso”, explicou.
Participaram do ato de abertura da JURA a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), movimentos sociais da cidade e do campo (MST, CPT, MMC, MLST, MAM, MTC), lideranças indígenas, culturais, acadêmicas e estudantis.
Além do ato de lançamento, que casou com o feriado de 7 de Setembro, dia em que vários movimentos estão nas ruas de todo país para o Grito dos Excluídos, a jornada em Alagoas prevê a realização de uma série de discussões virtuais sobre a Reforma Agrária, que não poderão ser feitos de forma presencial como de costume por conta da pandemia causada pelo Covid-19. Isso reforçou a necessidade de uma maior colaboração entre as entidades organizadoras para que fosse possível a realização.
“Nós estamos num momento da brasileira que exige um esforço daqueles que fazem a luta pela terra e território no Brasil”, ressaltou Carlos Lima, da coordenação estadual da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Para ele, a contribuição dos que estão na academia e que vão a campo para compreender essa luta de classes é essencial na jornada. “Nós precisamos dessa unidade para que possamos enfrentar um governo que deixou muito claro para a nação brasileira que índio não terá terra demarcada, quilombola não terá terra reconhecida e nem Sem Terra terá terra”, reiterou.
Josealdo Tonholo e Carlindo de Lira Pereira, respectivamente Reitor da UFAL e Pró-reitor de extensão da UNEAL, ressaltaram a importância da academia no auxílio as atividades da Reforma Agrária Popular. “A universidade passa a ter um papel fundamental”, afirma Tonholo. “Ela precisa sair dos laboratórios e estar no front de batalha, no dia-a-dia, desenvolvendo tecnologias que apoiam o trabalhador do campo para que ele consiga fazer aquilo que ele faz com tanta competência de forma melhor”, ressaltou.
Já Carlindo de Lira Pereira ressaltou a ausência da realização de uma reforma agrária no estado e no país, e também falou de como o tema não é visto com importância pela elite alagoana, que não tem interesse em tratar a divisão de terras de um país continental como o nosso. Por fim, ressaltou a importância de construir ações que juntem a universidade e os movimentos sociais.
História da Jornada
Criada em 2013, a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) ocorre geralmente entre os meses de abril e maio em todo o país, envolvendo diversas instituições de ensino superior. A jornada, que acontece durante o período de memória do Massacre de Eldorado dos Carajás, denuncia a violência e a impunidade no campo e busca fortalecer o debate em torno da luta pela terra e pela Reforma Agrária nas universidades e faculdades do Brasil.
O período foi definido para dialogar com o dia 17 de abril, no qual o MST denuncia a impunidade do massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido nessa mesma data, em 1996, resultando na morte de 19 trabalhadores Sem Terra. A JURA também busca visibilizar as ações de luta pela terra que o MST realiza durante a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária.
*Editado por Fernanda Alcântara