Em Alagoas, MST lança nota em resposta a acusações circuladas na imprensa

Notícia veiculada na última segunda-feira apresenta acusações desonestas ao MST na região

Foto: MST/Alagoas

A “Nota à sociedade alagoana” divulgada na tarde de ontem (09) pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), apresenta a posição do movimento as notícias veiculadas na mídia local, onde trabalhadores e trabalhadoras organizados no MST foram acusados de destruição de barracos e ameaças pela União Nacional Camponesa (UNC), em União dos Palmares, na Zona da Mata de Alagoas.

A notícia veiculada na última segunda-feira apresenta uma série de acusações ao MST na região. “Não podemos admitir que práticas oportunistas e desonestas com os trabalhadores/as e com a luta pela terra, a qual o MST trava há 33 anos no estado de Alagoas, coloque em risco a necessidade e urgência da Reforma Agrária, a exemplo de adentrar em áreas já ocupadas por outras organizações há anos”, destaca trecho da nota.

Confira a nota na íntegra:

NOTA À SOCIEDADE ALAGOANA

Em virtude da notícia circulada no início da semana pelo portal de notícias GazetaWeb, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ressalta sua posição na defesa da vida, da Reforma Agrária e do povo alagoano. A notícia acusa o MST de destruição de barracos e ameaças ao acampamento montado pela União Nacional Camponesa (UNC) em União dos Palmares, numa área do MST – o Acampamento Che Guevara, no dia 22 de agosto.

Assim como diversos outros movimentos de luta pela terra e pela Reforma Agrária de Alagoas, nós estamos acampados em União dos Palmares há 6 anos, como fruto de uma luta coletiva pela destinação das terras da massa falida do Grupo João Lyra para o assentamento das famílias na região.

Há 6 anos somos dezenas de famílias no Acampamento Che Guevara, produzindo alimentos saudáveis, preservando a natureza e construindo outra história no território que antes era cenário de cana e exploração de homens e mulheres.

A luta pelas terras do Grupo João Lyra reuniu milhares de famílias Sem Terra ao longo desses últimos anos. Foram marchas, ocupações e diversas formas de pressão para que, de fato, as famílias tivessem seu pedaço de terra para viver, trabalhar e construir um novo momento para a região e para o desenvolvimento de Alagoas.

Também ao longo desses 6 anos, diversas negociações com o Poder Público estadual foram travadas. Todas elas respeitadas pelos movimentos que lutam pelas terras da antiga Usina Laginha. Os últimos 6 anos também foram de intenso diálogo, apoio e construção de parcerias na defesa dessas terras, na defesa dos que lutam e se organizam por elas.

E é em nome da história construída ao longo desses anos, do nosso compromisso coletivo na luta pela Reforma Agrária Popular que reafirmamos nossa disposição de seguir em luta. Sabemos da nossa responsabilidade com o território que estamos organizados e não aceitaremos as calúnias e difamações circuladas para fragilizar nossa organização.

Defendemos que todas as famílias que há anos lutam pelas terras da massa falida sejam assentadas, mas não podemos admitir que práticas oportunistas e desonestas com os trabalhadores/as e com a luta pela terra, coloquem em risco a necessidade e urgência da Reforma Agrária, a exemplo de adentrar em áreas já ocupadas por outras organizações há anos.

É necessário respeitar quem faz a luta por justiça social e enfrenta o latifúndio. O MST com outras organizações cumpre essa tarefa há 33 anos em Alagoas.

Seguiremos firmes, em luta e em movimento, produzindo alimentos saudáveis e partilhando com a sociedade o futuro que plantamos hoje, com as mãos daqueles e daquelas que colocam seus sonhos em marcha.

Lutar, construir Reforma Agrária Popular!

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Alagoas, 2020