Mulheres de luta: Coletivo “Arte e Vida”
Por Zé Luís Costa
Da Página do MST
O assentamento Cristina Alves foi criado em Março de 2007, a partir da organização de dois grupos: o acampamento “17 de Abril”, que ficava às margens da BR 222, no município de Itapecuru; e o acampamento “Cabanagem”, que ficavam na fazenda Cantanhede na cidade Matões do Norte.
O nome “Cristina Alves” é uma homenagem que as famílias do assentamento fizeram à uma companheira que morreu de hepatite, quando ainda eram acampados. O assentamento possui 91 famílias assentadas e 40 famílias agregadas (esses são filhos dos assentados que já se casaram). Nesses 13 anos de existência, o assentamento ainda é organizado por núcleos de famílias e está dividido em três agrovilas: Vila “17 de Abril”, Vila “Cabanagem” e Vila “07 de Março”.
A organicidade, como já citado, é formada por núcleos de famílias, e com isso se tiram dois coordenadores, respeitando sempre a relação de gênero para formar a coordenação do assentamento. A partir daí, mais dois representantes de cada núcleo são escolhidos para formar os coletivos que compõem o assentamento: a de juventude, o coletivo de mulheres – o qual estaremos relacionando nesta matéria – e o de produção.
Pertencem ainda à organicidade do assentamento, que é uma base do MST, uma associação, sendo a pessoa jurídica da comunidade, chamada de Associação “Irmã Dorothy”, e uma cooperativa, denominada “Cooperativa Mista das Áreas de Reforma Agrária do Território do Vale do Itapecuru”.
O coletivo de mulheres, que carrega o nome de “Arte e Vida”, foi criado em de 2012. O coletivo desenvolve trabalhos em vários setores na produção de alimentos agroecológicos e artesanatos à base de materiais recicláveis. Aliás, o grupo se iniciou com a coleta de materiais recicláveis para a transformação em artesanatos, como lembra a coordenadora, dona Rosilene Costa Lima. “A gente recolhia garrafas pets, pneus, plásticos e transformava em objetos. O tempo foi passando e a gente resolveu fazer outras atividades como hortas para assim termos alimentos saudáveis. Sempre fizemos produção agroecológica”, encerra.
Ela afirma que, por morarem em uma região que possui muitas palmeiras de coco babaçu, as mulheres trabalhavam na coleta desses frutos. E hoje elas fazem a retirada do mesocarpo, que é a sobre-casca do coco, e com essa parte elas fazem biscoitos.
As mulheres também produzem licores com as partes das frutas que não são comercializáveis. Os licores feitos pelo coletivo de mulheres do assentamento Cristina Alves fazem sucesso em todo estado do Maranhão, principalmente nas regiões da capital São Luís, e quando elas estão participando de algum encontro do próprio Movimento ou encontros nacionais.
A dirigente do MST no estado do Maranhão, Maria Alzerina Carneiro Montelo, é assentada no Cristina Alves e moradora da Vila “17 de Abril”, uma das agrovilas do assentamento. Ela também destaca a participação das mulheres na produção. “Também fornecemos nossa produção para o Armazém do Campo e para os programas: PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar). E isso para a classe trabalhadora do campo são conquistas”, enfatiza.
Uma outra importante atividades que o coletivo de mulheres realiza é produção de mudas, sobretudo pela ousadia de militante em que o MST realiza. Na Jornada Nacional de Plantio de Árvores, pelo MST, o Cristina Alves entra no grupo dos grandes produtores de mudas, disponibilizando a distribuição para outros espaços da cidade, parte importante dessa campanha nacional.
Ainda de acordo com Rosilene Costa Lima, o coletivo tem atividades para cada uma das membras que dividem todas as tarefas de forma igual. “Cada mulher coordena uma parte na produção. A gente tira 10% da polpa para colaborar com o coletivo. Cada uma contribui com uma cota do dinheiro arrecadado nas vendas”. Eliane acrescenta que o grupo está aguardando parte da arrecadação com as vendas para a compra de um transporte que irá fazer a distribuição dos produtos em toda a região.
Outro objetivo do grupo é fazer com que cada mulher seja independente, sobretudo economicamente, e que possam viver exclusivamente desse trabalho. No coletivo já se encontram mulheres que conseguem fazer um salário mínimo e meio por mês. A meta é que todas consigam retirar valores dessa atividade sem precisar vender suas forças de trabalhos para os outros.
*Editado por Fernanda Alcântara