Jornada Sem Terrinha: resistência e luta em tempos de pandemia
Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST
A Jornada Sem Terrinha é o momento em que as crianças Sem Terra mobilizam-se em torno de suas pautas e necessidades da luta pela terra. Com a pandemia do Covid-19, nossa rotina mudou e não será possível realizar a Jornada Sem Terrinha como a gente gosta: com muita gente, correria, abraço, manifestações e solidariedade.
Mas uma pandemia não irá enfraquecer o Movimento, e por isso o MST está planejando a primeira Jornada Sem Terrinha de forma virtual. “Será um espaço de garantir que as crianças possam se encontrar e desenvolver as dimensões que a gente sempre trabalha neste período de jornada”, afirma Flávia Tereza, do setor de educação do MST no Pernambuco.
Segundo Flávia, um dos principais pilares é garantir a questão lúdica. “Que elas possam brincar, possam viver esse período da infância, mas também garantir a questão pedagógica. Que elas possam aprendam algo novo, uma canção, uma dança, algo ligado as linguagens como as diversas dimensões de escrita: cordéis, poesias, e sempre ter uma novidade para levar para sua comunidade”, defende.
O objetivo desta Jornada será dar destaque e priorizar as ações do plantio de árvores e da produção de alimentos saudáveis, lançando a Campanha pelas crianças Sem Terrinha e envolvendo todos os estados. Será um espaço também de entender a dimensão política da luta. “Compreender o Movimento, o porquê a gente se organiza, porquê a gente luta pela terra, compreender o período que a gente está vivendo, a conjuntura. É ser Sem Terrinha na luta, junto com os pais, com as mães, junto com a família. É com essa perspectiva que a gente segue aí organizando essa Jornada de 2020”, defende Flávia.
As queimadas e a destruição da natureza nos colocam a urgência do cultivo da vida e da natureza, e por isso demanda a participação das crianças na defesa do território. Mesmo que à distância, a lição de solidariedade e vida saudável está presente na programação das atividades que acontecem entre 1 e 12 de outubro, sempre protagonizadas pelas próprias crianças durante o período.
Diversas ações nos estados estão sendo preparadas para apresentação na Assembleia das crianças Sem Terrinha, marcada para o dia 12/10. As atividades incluem plantio e cultivo de mudas, além da proposta de desenhos, escrita de cartas e poesias sobre o plantio de árvores e a destruição da natureza nas regiões. Cada estado irá garantir os registros em fotos e vídeos das ações, que serão socializadas nas redes e no encontro nacional.
“É importante para nós do MST nesse período de pandemia garantir a Jornada Sem Terrinha, porque ela vai de encontro com os nossos objetivos da luta pela terra, pela Reforma Agrária Popular e também em relação à nossa organicidade. A Jornada Sem Terrinha é uma das marcas mais fortes que o MST vem carregando ao longo destas três décadas”, lembra Flávia.
Proporcionar que as crianças estejam conectadas e participem da assembleia será um dos maiores desafios, uma vez que, em sua maioria, terão que contar com os telefones, computadores e outras ferramentas dos pais para se conectarem. Ainda assim, o MST tem concentrado esforços no planejamento para garantir a inclusão e participação de todos. “A nossa Jornada vai de 1 a 12 de outubro, culminando na Assembléia dos Sem Terrinha; mas teremos também o Café com o MST, no dia 6, as crianças nos estados organizando mudas, fazendo plantio, escritas, desenhos e alguns “esquentas” para preparar as delegações para a assembleia nacional. Enfim, são muitas dimensões”, conclui Flávia.
*Editado por Solange Engelmann