Acampamento do MST realiza intercâmbio com artistas do Hip Hop de Londrina (PR)
Por Neni Azevedo e Eloisa França*
Da Página do MST
Neste domingo (25), uma “ocupação muralista” foi realizada no acampamento Zilda Arns, em Florestópolis, região norte do Paraná. A atividade contou com a presença dos artistas Tadeu Roberto Fernandes, o Carão, reconhecido grafiteiro no estado do Paraná, e Leandro “Palmerah”, membro do grupo de rap “Família IML”, ambos de Londrina.
Uma das paredes da Escola Itinerante Semeando o Saber foi escolhida pela comunidade para ser presenteada com uma linda pintura do grafiteiro londrinense. O dia dedicado à cultura fez parte da oficina de comunicação e mídia Sem Terra, realizada entre os dias 23 e 25 de outubro pelos Coletivos de Comunicação dos acampamentos Fidel Castro (Centenário do Sul), Manoel Jacinto Correia (Florestópolis), Herdeiros da Luta de Porecatu (Porecatu) e Zilda Arns (Florestópolis).
“Estou muito feliz em poder deixar meu trabalho aqui. É uma forma de aprender com vocês e com essa coletividade. O MST é um movimento que sempre respeitei, desde pequeno”, disse Carão, que realizou seu primeiro trabalho com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante uma visita ao assentamento Eli Vive, em Londrina.
Ao longo de toda a sua jornada como artista, seu trabalho é dedicado à valorização do povo negro. “Eu sempre retrato o povo preto, percebo que somos um povo subjugado e colocado em segundo plano, mesmo sendo a maioria. Sempre falam do preto subjugando e falando que a gente é perigoso, e a gente não é. A gente é o que a gente quiser”, relata o artista. O longo do dia de trabalho, o grafiteiro ocupou a parede da escola com a pintura de uma criança ao lado da bandeira do Movimento.
Respeitando as normas de segurança frente à pandemia da Covid-19, o encontro contou com 25 jovens Sem Terra. Ainda no domingo, a juventude também homenageou Paulo Freire e a artista mexicana Frida Kahlo com outras pinturas na Escola Itinerante.
Jaber Wladmir Marçal de Oliveira, morador do acampamento Zilda Arns e integrante do Coletivo de Juventude e Comunicação, conta qual o objetivo da atividade: “A gente sempre tenta resgatar a cultura e tenta trazer a arte de rua e a cultura mais para dentro dos acampamentos. Isso vai abrir várias portas, não só para o embelezamento da comunidade, mas podendo levar para todos os outros acampamentos a arte e a cultura do Hip Hop”.
*Integrantes do Coletivo de Comunicação do MST no Norte do Paraná
**Editado por Fernanda Alcântara