No Dia de Finados, MST realiza ato para lembrar os mortos e plantar esperança
Por Filipe Augusto Peres
Da Página do MST
Nesta segunda-feira (2), na sede do assentamento Mário Lago, em Ribeirão Preto, o MST, junto às Pastorais da Arquidiocese de Ribeirão Preto, atendendo o chamado da CNBB “Cuidar da Saudade e da Casa Comum” e dando sequência a campanha nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”. Foram plantadas cerca de 40 mudas para lembrar familiares, pessoas queridas, vítimas da Covid-19, mártires e povos que estão sendo dizimados pelo descaso de governos neoliberais.
O ato também serviu para denunciar a destruição da natureza pelo governo Bolsonaro. Antes do ato, os presentes foram recepcionados por um excelente café da manhã à base de produtos plantados e produzidos dentro do próprio assentamento e contou com a participação de dirigentes regionais, estaduais e nacionais do MST, além de contar com a presença de Aparecida de Fátima (Cidinha), da Pastorais Sociais da Arquidiocese de Ribeirão Preto.
“Ontem houve um chamamento por parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para que pudéssemos, neste dia de finados, plantar vidas. Para que pudéssemos marcar este dia de finados plantando uma esperança. E as mudas de árvores são um símbolo muito forte de esperança e por isto estamos fazendo o plantio destas mudas”, afirmou Kelli Mafort, do MST.
Kelli ainda lembrou que o local onde as mudas estão sendo plantadas foi fruto de uma ocupação, de uma luta pela terra: o Centro de Formação Dom Hélder Câmara, localizado dentro do assentamento Mário Lago.
Aparecida de Fátima (Cidinha), da Pastorais Sociais da Arquidiocese de Ribeirão Preto, leu um trecho da Carta Encíclica Fratelli Tutti, do Papa Francisco, sobre a fraternidade e a amizade social.
“Escrevia São Francisco de Assis, dirigindo-se a seus irmãos e irmãs para lhes propor uma forma de vida com sabor a Evangelho. Destes conselhos, quero destacar o convite a um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço; nele declara feliz quem ama o outro, «o seu irmão, tanto quando está longe, como quando está junto de si. Com poucas e simples palavras, explicou o essencial duma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita.”
Em seguida, Cidinha destacou que a proposta do Papa Francisco para este ano e o ano que vem é que se debata em o mundo os três Ts: Terra, Teto e Trabalho. E que este tema será discutido durante todo o mês de novembro na Arquidiocese de Ribeirão Preto nos dias 17, 18 e 19 de novembro, divididos nos três Ts, sendo no dia 17 a Fratelli Tuti; no dia 18, o Trabalho; e no dia 19, com a participação de Kelli Mafort, da Direção Nacional do MST, o Teto e a Terra.
Em seguida, antes de começar o plantio, com muita emoção entre os presentes, uma muda de árvore rodou pelas mãos de cada um dos presentes que, ao segurá-la, expressou e plantou a memória de uma pessoa querida, um familiar, um mártir, um povo.
Entre tantos nomes queridos e lembrados, o nome do militante Ênio Pasqualin, dirigente do MST assassinado no último dia 25 de outubro, foi lembrado na roda que se formou para a passagem da planta. Na ocasião, Ênio teve a sua casa invadida e foi arrancado diante de sua família, no assentamento Irênio Alves, no Paraná, para ser brutalmente assassinado. Os nomes de Luis Ferreira da Costa, assassinado em 2019 em Valinhos, no acampamento Marielle Vive, e de Paulo Botelho, um dos pioneiros no MST em Ribeirão Preto, também foram lembrados.
Coordenados por José Ferreira de Sousa, o Paraguai, os presentes plantaram mais de 40 mudas no local, criando uma horta agroflorestal, plantando esperança e eternizando a memória daqueles que partiram antes de nós.
*Editado por Fernanda Alcântara