IALA retoma atividades durante pandemia e aponta alternativas agroecológicas
O Instituto de Agroecologia Latino Americana Amazônico (IALA Amazônico) surgiu em 2009 como um espaço de reprodução e experimentação da Agroecologia na América do Sul, sendo criado pela Via Campesina em parceria com o governo venezuelano, que no período era presidido por Hugo Chávez.
A estrutura física do IALA localiza-se no Assentamento Palmares II, em Parauapebas, no Pará. E integra a rede de institutos e escolas agroecológicas da Via Campesina internacional, que possui articulação em vários países da América Latina. O objetivo central é fortalecer, incentivar e criar condições para uma transição técnica, científica e política das práticas de agroecologia e agricultura nos territórios.
Neste ano, por conta da pandemia, o Instituto não realizou atividades presenciais, os integrantes participaram de atividades de formação da Via Campesina, contribuindo com a formação da política pedagógica de alguns processos junto à organização e, recentemente o IALA lançou um programa de formação que visa o beneficiamento e a verticalização de produtos da Amazônia, produzidos no Assentamento Palmares II, em Parauapebas.
Pablo Neri, da Coordenação Político Pedagógica da Brigada Mamede Oliveira, avalia a importância da retomada das atividades do IALA no momento em que vivemos, em um contexto de pandemia. “O instituto se preocupou, em fazer o debate da soberania e segurança alimentar dos camponeses e camponesas, e também uma jornada da construção do horto medicinal, a serviço da comunidade do Assentamento Palmares II, um esforço conjunto com o coletivo de juventude, visando o crescimento da imunidade comunitária do assentamento. No período também retomamos nossas redes sociais e garantimos um desenvolvimento de atividades da brigada. Por conta da pandemia, não foi possível fazer ações que visibilizassem, mas estamos construindo mecanismos internos para contribuir com as comunidades ligadas ao IALA, para que tenham condições de avançar na imunização da saúde a partir da alimentação saudável e da agroecologia”, explicou.
Parado durante a pandemia, Instituto volta a organização para retomada de atividades. Fotos: Acervo IALA
O integrante da CPP, também faz um balanço sobre os desafios enfrentados pelo Instituto e como foi pensada a reorganização das atividades durante os últimos anos. “Esse ano o IALA fez onze anos de existência, ao longo desse período vivemos altos e baixos no desempenho das nossas tarefas, sobretudo nos últimos três anos. O instituto passou por uma reconstrução, e partir de um projeto com a prefeitura de Parauapebas, conseguimos garantir uma reestruturação física do espaço, retornando as condições para realizarmos nossas atividades”, pontua.
Contudo, o contexto da pandemia, avanço do agronegócio e a consequente devastação dos territórios da região foram centrais para reorganização do Instituto. “A força e emergência do contexto atual da Amazônia, principalmente no ultimo ano, com as questões das queimadas e a pressão internacional na região, trouxe para o centro do debate a disputa do modelo de desenvolvimento e a necessidade de recolocarmos o IALA para realizar os encontros formativos das organizações da Via Campesina na Amazônia, para fortalecer uma perspectiva popular do que é possível combinar de desenvolvimento econômico e conservação da biodiversidade”, aponta Pablo.
O coordenador ressalta ainda, que outro desafio importante é disputar a narrativa da sociedade, “experimentando e sistematizando os saberes produzidos pelas práticas agroecológicas e permaculturais desenvolvidas nos territórios da Amazônia conquistados historicamente ou que estão em resistência”, conclui.
*Editado por Solange Engelmann